sexta-feira, 2 de maio de 2008

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Indaiatuba

Foi com grande alegria que celebramos a Páscoa no último dia 14 aqui em Indaiatuba. Houve uma grande espera pela chegada desse dia, porquanto acreditávamos nas promessas de um tempo novo para todo o Ministério à partir dessa data.

Pela fé a celebramos, como Moisés, que não temendo a ira do rei, ficou firme, como vendo o invisível!

A Paz do Senhor Jeus Cristo

Pr. Jair
IEP Indaiatuba

terça-feira, 15 de abril de 2008

Iperó


A Paz do Senhor a todos,

Pela graça de Deus celebramos mais uma Páscoa, ou melhor A PÁSCOA, a maior e melhor das nossas vidas e da nossa Igreja.

Tempo de benção, onde Deus entregou palavras proféticas ao povo e onde viveremos o Salmos 18 como foi ordenado para as nossas vidas.

Deus deu graças e servimos para 267 vidas, e mais do que vidas Deus deu benção sobre benção, palavras proféticas, curas, libertações um tempo inigualável e inesquecível.

Ao nome do Senhor GLÓRIA!!!!!!!!!
Pastor Junior IEP Iperó


quarta-feira, 2 de abril de 2008

Páscoa

Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR.
Êxodo 12:11




Ap. Pr. Walter Rodrigues
Pr. Cláudio dos Santos Rodrigues






Páscoa

1. Introdução

Relato do Pr. Walter Rodrigues
A Igreja Evangélica de Pinheiros teve início em 23 de outubro de 1972 como uma congregação da 1ª Igreja Evangélica do Cambuci; no ano de 1976 tornou-se autônoma. O início dos trabalhos deu-se em uma casa alugada, à Rua Inácio Pereira da Rocha, 603, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, Capital.
Entre 1975 e 1976 foi quando me coloquei nas mãos de Deus sobre a Páscoa; porém, não conseguia falar ao rebanho sobre o assunto.
Em abril de 1979, nossa Igreja celebrava, como era costume em todos os últimos domingos de cada mês, a Santa Ceia. Os Presbíteros levavam o pão e o cálice com vinho e eu estava em pé observando a ministração, compenetrado e em oração pelas vidas ali presentes, pedindo que realmente o Senhor perdoasse nossos pecados porque estávamos participando do corpo e do sangue de Cristo. Em determinado momento, um dos Presbíteros, tirando-me daquele momento de clamor pelo povo, disse estas palavras: “Pastor Walter, você não vai comer a Páscoa?”, pois já haviam terminado de servir toda a Igreja e só faltava eu para encerrarmos aquele ato. Quando abri os olhos, contemplando o povo, o Espírito de Deus falou de uma maneira tão gloriosa ao meu coração, “comer a Páscoa”; sim, foi isso que ouvi do Espírito. Guardei a palavra em meu coração por longos dois anos, buscando nas Escrituras textos que falassem sobre o assunto, fazendo prova do Senhor se aquilo que havia ouvido era de procedência divina, pois não queria que o povo simplesmente aceitasse uma mudança tão radical por uma simples vontade de seu Pastor. Durante aquele tempo tive grandes e maravilhosas experiências com o Senhor e fiquei aguardando com certa ansiedade o dia de comunicar à Igreja a direção do Senhor.
Eu temia tomar tal decisão, não porque tivesse dúvida, pois o Senhor confirmou inúmeras vezes a Sua vontade – era a Páscoa que deveríamos celebrar anualmente –, mas em desgostar alguns membros, principalmente os mais antigos que estavam há muitos anos acostumados com as tradições. O Senhor diz em Colossenses 3.25: “Deus não se deixa levar por respeitos humanos”, segundo a tradução de uma Bíblia bem antiga que meu avô me deixou. Em nossa tradução a Palavra fala: “... não há acepção de pessoas”. O conteúdo é o mesmo, mas a forma é que me despertou para uma decisão.
De 1978 a 1981 a Igreja estava construindo seu templo à Rua Mourato Coelho, 1139, e que os irmãos, carinhosamente, chamavam de Jerusalém. Quando, no início do mês de dezembro de 1981, levantei-me para ministrar a Palavra de Deus e avisar a todos que antes que saíssemos daquele lugar para a nossa Jerusalém – pois mudaríamos no final do mês – celebraríamos nossa primeira Páscoa, o Senhor não permitiu. Ele disse: “Não celebrareis neste lugar a Páscoa, mas em Jerusalém”. No dia 26 de dezembro todo o povo saiu – o povo da “Casa de Oração”, como era conhecido –, numa caminhada santa, da casa da Rua Inácio Pereira da Rocha para o novo templo na Rua Mourato Coelho. Na ocasião, a Igreja foi avisada que não mais faríamos a celebração da Ceia, mas da Páscoa. O temor que tomava conta do meu coração desapareceu como um grande milagre, pois toda a Igreja alegrou-se de modo a comover-me com o que Deus fez no coração de cada irmão.
A Igreja, naquele tempo, tinha poucas congregações (Porto Alegre, Jardim Tremembé, Rio Pequeno, Campinas e Taboão da Serra) e alguns pontos de pregação. A primeira Páscoa foi, então, celebrada em 1982, no sábado da semana em que se comemorava o aniversário da Igreja, em outubro, com todas as congregações juntas (ainda era possível congregarmos todos...). Assim procedemos nos dois primeiros anos de celebração da Páscoa (que comemoramos durante todo o dia), 1982 e 1983, servindo o pão e o vinho como corpo e sangue de Cristo. No final da celebração do 2º ano, o povo veio todo à frente, para perto do altar, para orarmos e cantarmos um hino antes de nos despedirmos na paz do Senhor Jesus. Nesse momento, Deus nos tomou em Palavra profética dizendo assim: “Vós contareis tantos dias e, nesse dia, celebrareis a Páscoa, pois este é o dia que vos preparei”. Somente isso foi falado pelo Senhor através da boca do profeta. Logicamente, a ansiedade de contar os dias para saber quando deveríamos celebrar a Páscoa dali em diante foi muito grande. Quando cheguei à minha casa, o telefone já estava tocando; era um Pastor do Ministério que com grande emoção me disse: “Pastor Walter, glória a Deus!”. E, chorando e glorificando o Senhor: “Sabe em que dia vai ser a nossa Páscoa? Dia 14 de abril; isto quer dizer 14 do mês de abibe que é o primeiro mês do calendário judaico e que corresponde ao nosso mês de abril.” Outros telefonemas se sucederam com o mesmo espírito de alegria. Pude, então, dizer a todos que telefonaram que o Senhor sabe contar... Ele nunca errou em coisa alguma. Diante do fato maravilhoso começamos a celebrar a Páscoa todos os anos no dia 14 de abril até a presente data.

2. Razões

Ainda o Pr. Walter Rodrigues
Gostaria de dizer que não estou declarando uma disputa doutrinária com as Igrejas irmãs, já que nós mesmos, durante nove anos, celebramos a Ceia do Senhor. Não desejo, de maneira nenhuma, questionar, menosprezar ou apontar o dedo para quem procede desta forma, mas sim procurar ser útil aos irmãos no cumprimento da Palavra de Deus. O fato de termos recebido a orientação para a celebração da Páscoa não nos torna melhores, mais justos ou mais santos; mas para nós foi dado obedecer àquilo que está escrito: “Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo” (I Co 12.5).
Jesus veio para cumprir o que estava escrito na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos (Lc 24.44 – “... convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos salmos”). Como Filho do homem, Ele sempre cumpriu, começando pelo batismo, embora João se Lhe opusesse dizendo: “... Eu careço de ser batizado por ti...” (Mt 3.14), ao que Jesus lhe respondeu: “... Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça...” (Mt 3.15). Logo após, ao iniciar Seu ministério como Filho do homem, foi levado ao deserto pelo Espírito para ser tentado pelo diabo. “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome” (Mt 4.2; Lc 4.2); o inimigo, então, mostrou-Lhe uma pedra e disse a Ele que a transformasse em pão, se fosse realmente Filho de Deus (Lc 4.3 – “... Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão”). Quando da crucificação, “... sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28).
Em suma, tudo o que Jesus fez foi para que se cumprissem as Escrituras. Sempre “... o obedecer é melhor do que o sacrificar...” (I Sm 15.22).

3. a história

O Velho e o Novo Testamentos existem um em função do outro; o Velho tem seu conteúdo cumprido no Novo, e o Novo existe justamente para relatar o cumprimento das coisas que estão no Velho.
A história dos hebreus – também chamados judeus ou israelitas – no Egito é muito conhecida, mesmo por pessoas alheias ao contexto judaico ou cristão. Mas muito mais valiosos que os fatos históricos narrados na Bíblia, são os ensinamentos espirituais e a manifestação de um Deus Todo-Poderoso no meio de homens como nós.

4. a escolha do povo de Deus

A escolha de uma nação para ser chamada povo de Deus tem início muitos anos antes do período passado no Egito. Quando Deus formou Adão e “... soprou em seus narizes o fôlego da vida...” (Gn 2.7), não estava simplesmente criando mais um ser para habitar a Terra; estava dando início ao Seu propósito de produzir uma descendência para Si, ou seja, estava revelando Seu desejo de fazer dos homens filhos de Deus.
Porém, mesmo depois de conhecer a Deus e desfrutar de comunhão com Ele, Adão deixou-se enganar e pecou, sendo separado de Deus por causa do seu pecado (Is 59.2 – “Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós para que vos não ouça”). O propósito do Senhor, no entanto, permaneceu imutável e, muitos anos depois, a partir de um homem cheio de fé chamado Abraão, o Senhor retoma Seu plano e promete abençoar todas as nações da terra (Gn 12.1-3 – “... e em ti serão benditas todas as famílias da terra”). Tanto Adão quanto Abraão foram sementes escolhidas por Deus para dar origem a um povo diferente, um povo que tivesse uma vida espiritual e não apenas material (Ml 2.15 – “... ele buscava uma semente de piedosos...”). Afinal, “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). Adão perdeu a vida espiritual que gozava junto a Deus quando desobedeceu a Seu mandamento e ficou sujeito a uma pena de morte: “... certamente morrerás” (Gn 2.17). No entanto, teve sua vida física poupada por Deus graças ao sangue de um animal sacrificado pelo seu (de Adão) pecado (Gn 3.21 – “E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles, e os vestiu”).
Abraão também reconheceu a importância do sacrifício do cordeiro quando, provado por Deus, propôs em seu coração sacrificar seu próprio filho. Ele sabia, pela fé, que Deus prepararia para Si uma oferta mais eficiente (Gn 22.8 – “... Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto...”). Abraão havia tido uma experiência poderosa com o Senhor quando comeu o pão e bebeu o vinho trazidos a ele por Melquisedeque (Gn 14.18 – “E Melquisedeque... trouxe pão e vinho...”) (figura da páscoa). Ali, ele soube que havia um sangue preparado para a remissão de seus pecados.
A “semente de piedosos” (Ml 2.15), iniciada com apenas um homem fiel, Abraão, prosseguiu com seu filho Isaque e seu neto Israel; por isso se diz Deus de Abraão, de Isaque e de Israel (Gn 28.13 – “... Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque...”; Ex 5.1 – “... Assim diz o Senhor Deus de Israel...”).

5. a descida do povo de Deus ao Egito

Quando houve fome na terra (Gn 41.54 – “E começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão”), e o povo de Deus precisou descer ao Egito atrás de sustento (Gn 42.2 – “Disse (Jacó) mais: Eis que tenho ouvido que há mantimento no Egito; descei até lá e comprai-nos trigo, para que vivamos e não morramos”), já se contavam 70 pessoas (Gn 46.27 – “... Todas as almas da casa de Jacó, que vieram ao Egito, foram setenta”). No Egito, os descendentes de Abraão se juntaram a José, milagrosamente enviado por Deus à frente do povo (Gn 45.7,8 – “... Deus me enviou diante da vossa face para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento...”). Em sua chegada, foram recebidos com grande honra pelos egípcios (Gn 47.5-12 – “Então falou Faraó...: ... no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos...”); afinal, o país havia se tornado uma potência mundial graças à inspirada administração de José.

6. o início do livro de Êxodo

O livro de Êxodo começa com a nomeação dos filhos de Jacó que entraram no Egito durante a fome que se abateu sobre Canaã depois de José ter sido vendido por seus irmãos (Gn 37.17-28 – “... e venderam José por vinte moedas de prata...”), e com a narração dos acontecimentos posteriores à morte daquela geração: o crescimento do povo de Israel até se tornar numeroso (Ex 1.7 – “Os filhos de Israel frutificaram e aumentaram muito, e multiplicaram-se...”) e a elevação de um novo rei ao trono do Egito, que não conhecera José e sua família (Ex 1.8 – “Depois levantou-se um novo rei sobre o Egito que não conhecera a José”). Segundo os estudos arqueológicos é possível que este rei tenha sido Seti I (1312 – 1298 a.C.), 2º rei da 19ª dinastia – o 1º havia sido Ramsés I (1314 – 1312 a.C.).
Nesse tempo, o Egito havia saído de uma opressão tremenda, a dominação e ocupação hicsas, que subjugou aquele país constituindo as XV e XVI dinastias. Após a saída dos invasores, o Egito se fortaleceu e ao tempo de Seti I era a maior potência mundial contabilizando conquistas de terras que iam tão longe quanto era a Mesopotâmia na sua borda ocidental, ou seja, o rio Eufrates. Em outras palavras, todo o Crescente Fértil estava nas mãos dos egípcios.
Assim sendo, a grande preocupação de Seti I era que os israelitas estivessem localizados num ponto, a terra de Gósen (Gn 47.6 – “... habitem na terra de Gósen...”), a nordeste do Egito, no delta do Nilo, por onde forçosamente passavam as estradas que levavam à Palestina e Mesopotâmia. Faraó raciocinou que se houvesse uma guerra e os israelitas se associassem com os inimigos do Egito (Ex 1.10 – “... e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra”) o canal de ligação entre a corte e as colônias estaria cortado e o poder a duras penas conquistado evaporaria rapidamente.

a. a escravização do povo de Israel

A solução encontrada por ele foi escravizar o povo de Israel tornando dura a sua vida na preparação de tijolos (Ex 1.13,14 – “... Assim lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos...”) com os quais foram levantadas cidades armazéns (Ex 1.11 – “... edificaram a Faraó cidades de tesouros...”).
Depois de Seti I, tomou o trono Ramsés II (1298 – 1232 a.C.).
O povo de Israel ficou 430 anos no Egito, dos quais 400 como escravo. A conseqüência de tanto tempo de escravidão é a seguinte: quem nascia, já nascia escravo; quando morria, ainda era escravo; os filhos, os netos, uma geração após outra, todos participavam da mesma sina. Com o tempo, o povo passou a ter mente escrava (valores e pensamentos).
Acontecia, contudo, algo estranho: quanto mais o povo era afligido e maltratado, mais crescia e se fortalecia (Ex 1.12 – “Mas quanto mais o afligiam, tanto mais se multiplicava, e tanto mais crescia...”).
Mais importante que o simples ato de ter colocado exatores (cobradores de impostos) foi a tentativa do rei do Egito em tornar os israelitas dóceis e não dispostos à guerra contra os egípcios através de técnicas de desmoralização que visavam a apagar dos filhos de Israel o sentimento de nacionalidade.
A dureza de vida que os egípcios impuseram foi a 1ª arma usada nesse sentido. A 2ª foi a tentativa de tornar traidores dos israelitas os próprios filhos de Israel (Ex 1.15,16 – “... Quando ajudardes no parto as hebréias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva”). O 3º ponto nesse plano, tendo falhado os outros dois (Ex 1.17 – “As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservaram os meninos com vida”), foi, abertamente, ordenar que os israelitas negassem sua própria descendência (Ex 1.22 – “... ordenou Faraó...: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida”). Certamente que deveria haver penas duras àqueles que não obedecessem às ordens reais. Assim o povo ficou com uma difícil escolha: matar sua própria descendência (At 7.19 – “... maltratou nossos pais, ao ponto de os fazer enjeitar as suas crianças...”) ou sofrer nas mãos dos servos de Faraó. Com tudo isso, queria o rei do Egito desanimar o povo descendente de Abraão.
O Egito era um país onde grassava grande idolatria, movido por misticismos e feitiçarias, uma nação cheia de falsos deuses e muitos costumes contrários aos desígnios de Deus.

b. o nascimento de Moisés

Durante este tempo de grande aflição para o povo de Israel nasceu, de uma mulher da tribo de Levi, Joquebede (Ex 6.20 – “E Anrão tomou por mulher a Joquebede, sua tia, e ela gerou-lhe a Aarão e a Moisés...”), um menino chamado Moisés. Desejando preservá-lo com vida, seus pais o esconderam até os três meses de idade (Ex 2.2 – “... e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses”). Não tendo mais como ocultá-lo, o menino foi colocado em um cesto de juncos e depositado nas águas do principal rio do Egito, o Nilo, às margens do qual ficava o palácio de Faraó (Ex 2.3 – “Não podendo mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos... e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à borda do rio”). Em um momento de lazer, quando descia a banhar-se no rio, a filha de Faraó avistou o cesto com o menino, enroscado em juncos, e o retirou das águas (Ex 2.5 – “... e ela viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada e a tomou”). Ao ouvir o choro de Moisés, sentiu profunda compaixão pela criança (Ex 2.6 – “... e moveu-se de compaixão dele...”) e propôs-se a criá-lo como seu filho (Ex 2.9 – “... leva este menino e cria-mo...”), sem que seu pai soubesse. Para tanto, sem saber, contratou a própria mãe de Moisés para criá-lo (Ex 2.9 – “... E a mulher tomou o menino, e criou-o”) até que tivesse idade para ser desmamado e devolvido para viver no palácio (Ex 2.10 – “E sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou...”).
Certamente Joquebede incutiu no pequeno Moisés, no pouco tempo em que esteve com ele, o temor do Deus de seus pais. Esta semente nunca se apartou do coração daquele que seria levantado como um tipo de Cristo anos depois.
A Bíblia não entra em pormenores sobre o período que Moisés passou no palácio de Faraó, mas diz que ele “... foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22). Diz também que ele já era grande (Ex 2.11 – “... sendo Moisés já grande...”), isto é, respeitado pelo povo egípcio, quando sentiu o desejo de descer até os hebreus para ver como estavam seus verdadeiros irmãos (Ex 2.11 – “... saiu a seus irmãos...”), como era o sofrimento deles – que era também o seu próprio sofrimento. Durante sua incursão, viu um hebreu sendo maltratado por um egípcio (Ex 2.11 – “... e viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu, de seus irmãos”) e, para defender o oprimido, matou o agressor (Ex 2.12 – “... feriu o egípcio e escondeu-o na areia”).
Para escapar da ira de Faraó (Ex 2.15 – “Ouvindo, pois, Faraó este caso, procurou matar Moisés...”), Moisés fugiu do Egito para a terra de Midiã (Ex 2.15 – “... mas Moisés fugiu de diante da face de Faraó e habitou na terra de Mídiã...”), onde recebeu Zípora, filha de Reuel (Ex 2.18 – “E vindo elas a Reuel, seu pai...”), ou Jetro (Ex 3.1 – “E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Mídiã...”), sacerdote de Midiã (Ex 2.16 – “E o sacerdote de Mídiã tinha sete filhas...”), por mulher (Ex 2.21 – “... e ele deu a Moisés sua filha Zípora”). Moisés habitou por quarenta anos no deserto (At 7.23 – “E quando completou a idade de quarenta anos...”; Ex 7.7 – “E Moisés era da idade de oitenta anos... quando falaram a Faraó”), em cujo terreno Deus o tratou como o oleiro que amassa o barro, fazendo dele um vaso conforme o Seu desejo e preparando-o para ser um de Seus maiores servos na história. Quarenta anos não foram suficientes para fazer apagar do coração de Moisés as lições que sua mãe lhe ensinara (Pv 22.6 – “Instrui o menino no caminho em que deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele”).
Enquanto isso, no Egito, o povo de Deus continuava sendo pesadamente oprimido. Em determinada época, porém, os hebreus lembraram-se de clamar a Deus por auxílio (Ex 2.23 – “... os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram...”). E o Senhor ouviu o clamor (Ex 2.23,24 – “... e o seu clamor subiu a Deus... E ouviu Deus o seu gemido...”).
A expressão (Ex 2:24 - “... lembrou-se Deus da sua aliança com Abraão, com Isaque, e com Jacó”) quer dizer o seguinte: chegou o tempo do cumprimento da palavra.

c. o chamado de Moisés

Moisés esperava a manifestação de Deus. Ele viveu com essa esperança porque havia uma promessa dada pelo Senhor ao seu pai Abraão (Gn 15.13,14 – “... Saibas, de certo, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua; e servi-los-ão, e afligi-los-ão quatrocentos anos; mas também eu julgarei a gente a qual servirão e, depois, sairão com grande fazenda”). O que talvez ele não esperasse era que o próprio Deus requeresse dele ser o veículo da bênção prometida séculos antes.
Deus, então, encontrou-se com Moisés no Monte Horebe, também conhecido como Sinai (Ex 3.1,2 – “... e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça...”), para falar-lhe pessoalmente, encorajando-o, capacitando-o e dando-lhe a incumbência de descer ao Egito para resgatar Seu povo escolhido (Ex 3.10 – “... eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito”).
A sarça é uma vegetação sem nenhum valor (no Aurélio, entre outros sinônimos: matagal). Moisés poderia estar esperando qualquer coisa, menos que Deus se manifestasse em lugar tão vil. Aquilo o espantou e ele foi ver o que estava acontecendo (Ex 3.3 – “... Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima”). Revelação ainda maior o aguardava: aquela era terra santa (Ex 3.4,5 – “... o lugar em que tu estás é terra santa”). Valor aos olhos dos homens aquele lugar não tinha nenhum. O valor era a presença do grande e maravilhoso Deus.
Que valor há em nós (Is 40.17 – “Todas as nações são como nada perante ele; ele considera-as menos do que nada e como uma coisa vã”; Sl 9.20 – “... as nações... são constituídas por meros homens”; Is 64.6 – “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo de imundícia”)? Mas Deus nos escolheu mesmo que aos olhos do mundo não tenhamos nenhum valor (I Co 1.27,28 – “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo,... e... as... fracas,... e... as... vis,... e as desprezíveis, e as que não são...”). O que hoje há de bom em nós, não vem de nós mesmos, mas pela presença de Deus em nós. E mais: somos santificados pela presença do Senhor em nosso coração (Ap 22.11 – “... quem é santo, seja santificado ainda”).
Depois daquela experiência gloriosa que Moisés teve, Deus falou o que ele estava esperando há décadas: “... Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó...” (Ex 3.6). Sua mãe havia ensinado isso muito tempo antes e durante todo o tempo da sua vida ele esperou tal manifestação. Moisés teve uma reação de entendimento: temeu olhar para Deus (Ex 3.6 – “... E Moisés encobriu o seu rosto porque temeu olhar para Deus”). Que diferença a presença de Deus causa em alguém em alguns poucos segundos (Ex 3.3-6 – “... Agora me virarei para lá e verei esta grande visão... E Moisés... temeu olhar para Deus”)...
Quando Moisés trouxe à luz o temor do Senhor, estava pronto para receber de Deus a revelação do Seu amor e do Seu plano. Seu amor: “... conheci as suas dores” (Ex 3.7); Seu plano: “... desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel...” (Ex 3.8).
Mas faltava ainda uma pergunta: como executar o plano? E Moisés não estava preparado para a resposta (Ex 3.10 – “Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo – os filhos de Israel – do Egito”). O espanto dele é patente (Ex 3.11 – “... Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?”). Talvez houvesse no coração desse grande servo de Deus dois problemas aparentemente intransponíveis:

1. ele conhecia o poder do Egito e de seu rei. Vivera no centro do poder e certamente sabia qual o destino dos que se levantavam contra a autoridade ordenada por Faraó. Não custa relembrar que o Egito era a maior potência mundial tendo estendido seus braços até o rio Eufrates, na Mesopotâmia. Ele, Moisés, era um traidor: matara um egípcio e saíra fugido porque havia uma sentença de morte contra ele (Ex 2.15 – “... Faraó... procurou matar Moisés...”).

2. aos olhos de seu próprio povo ele não era bem visto. Um seu irmão o insultou e foi o responsável pela descoberta do caso do egípcio morto (Ex 2.14 – “... pensas matar-me, como mataste o egípcio?...”). Enquanto o povo sofria a dureza da escravidão, Moisés era instruído na corte, não estando sujeito às dificuldades infligidas a seus irmãos.

Como transpor tais barreiras?

O sentimento de pequenez demonstrado por Moisés (Ex 3.11 – “... Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?”), comum a muitos servos valorosos do Senhor no passado, como Isaías (Is 6.5 – “... Ai de mim, que vou perecendo...”) e Jeremias (Jr 1.6 – “... sou uma criança”), e que agrada ao Senhor (Tg 4.10 – “Humilhai-vos perante o Senhor e ele vos exaltará”), despertou as seguintes palavras vindas da boca de Deus: “... Certamente eu serei contigo...” (Ex 3.12).
Deus, então, começa uma obra em Seu servo para quebrar a inicial resistência dele. Quanto amor e misericórdia!
Interessante notar que em Ex 3.8 (“... desci para livrá-lo...”) o Senhor Se propõe a livrar o povo e em Ex 3.10 Ele acaba por mandar Moisés fazer a obra (“... eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo... do Egito”). Como conciliar tão contraditórias posições? A obra é de Deus e dEle é o poder que liberta. Mas Sua obra é feita através de homens. Jesus Cristo homem (I Tm 2.5 – “... há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”) é a nossa salvação. “Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor...”, diz o Senhor (Os 11.4).
Como Deus fez para mostrar a Moisés que ele era o escolhido? Como Moisés chegaria ao seu povo dizendo que era comissionado por Deus para a obra da redenção?
O Senhor guardou para esta hora uma revelação que tornava Moisés diferente de todos os que foram antes dele, inclusive Abraão, Isaque e Jacó. Ele Se revelou como o Grande Eu Sou – “... Eu Sou O Que Sou...” (Ex 3.14) –, enquanto que aos patriarcas deu-Se a conhecer como o Deus Todo Poderoso, El Shaddai (Ex 6.3 – “E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso...”). A diferença principal entre estes aspectos da natureza divina é que o “Eu Sou O Que Sou” é um Deus que Se apresenta junto com o homem em uma relação de intimidade antes não conhecida. O verbo usado em Ex 3.12 (“... eu serei contigo...”) é idêntico ao usado em Ex 3.14 (“... Eu Sou O Que Sou...”).
A nova revelação tornava Moisés participante de um conhecimento que o restante do povo não tinha, ainda que tivesse sido ensinado pelos pais a respeito do Deus dos patriarcas. Em outras palavras, com essa nova realidade revelada pelo Senhor da chama de fogo na sarça, os israelitas saberiam que aquele homem, Moisés, havia sido visitado por Deus e, portanto, seria o escolhido para a missão que se outorgava no direito de realizar.
Moisés recebeu a incumbência de tirar o povo do Egito, mas foi alertado de que não seria fácil porque haveria resistência por parte de Faraó (Ex 3.19 – “... o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte”). Deus, porém, o animou dando a certeza da vitória (Ex 3.20-22 – “... eu darei graça a este povo... não saireis vazios... despojareis ao Egito”).
Moisés ainda relutou (Ex 4.1 – “... eis que me não crerão, nem ouvirão a minha voz...”; Ex 4.10 – “... eu não sou homem eloqüente... sou pesado de boca e pesado de língua”) e recebeu de Deus dois outros argumentos que acabaram por quebrar definitivamente seu coração:

a. ele seria capacitado por Deus a operar sinais (Ex 4.2-9 – “... se eles... não... ouvirem a voz do primeiro sinal, crerão a voz do derradeiro sinal...”). A importância da realização dos sinais na terra do Egito está esclarecida em Ex 10.1,2 (“... para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que obrei no Egito, e os meus sinais, que tenho feito entre eles para que saibais que eu sou o Senhor”). O próprio povo de Israel precisava experimentar o poder do Deus de seus pais de Quem tinham ouvido falar sem, no entanto, terem tido um contato direto e pessoal durante longo tempo por causa da servidão. Precisavam, portanto, antes de sair do Egito, conhecer o seu Deus. O Senhor não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18.32 – “... não tomo prazer na morte do que morre...”; 33.11 – “... não tenho prazer na morte do ímpio...”) e não destruiu o Egito sem que tivesse um propósito: revelar-Se aos filhos de Israel.

b. ele receberia a companhia de seu irmão, Aarão, na empreitada (Ex 4.14-16 – “... Aarão... sai ao teu encontro...”). Aarão também foi previamente visitado por Deus e capacitado por Ele (Ex 4.27 – “... Vai ao encontro de Moisés ao deserto...”).

De volta ao Egito, capacitado por Deus para a obra de libertação que estava prestes a realizar, além da árdua resistência de Faraó, como se verá adiante, Moisés teve que enfrentar a incredulidade dos próprios israelitas (Ex 5.20,21 – “... fizestes o nosso cheiro repelente diante de Faraó...”; 6.9 – “... mas eles não ouviram a Moisés por causa da ânsia do espírito e da dura servidão”). Mas através de sinais e maravilhas operados por Deus, todo o povo creu (Ex 4.30,31 – “... E o povo creu...”). E com dez pragas milagrosas, o Senhor abateu a força do Egito e humilhou todos os deuses (Ex 12.12 – “... e sobre todos os deuses do Egito farei juízos: Eu sou o Senhor”) daquela terra idólatra, incluindo o próprio Faraó, considerado uma divindade.
Note-se algo estranho: o Senhor endurecia, como se perceberá, o coração de Faraó a cada nova praga (endurecer quer dizer voltar ao estado original). Com isso, o rei do Egito ia postergando a saída dos filhos de Israel do Egito.
Moisés e Aarão foram a Faraó e declararam a vontade do Deus dos hebreus (Ex 5.1 – “... Deixa ir o meu povo para que me celebre uma festa no deserto”). O rei do Egito colocou-se frontalmente contra a Palavra do Senhor (Ex 5.2 – “... Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei para deixar ir Israel?...”), como já se vira antes, aliás (Gn 2.17 – “... certamente morrerás”; 3.4 – “... Certamente não morrereis”). Começava a guerra entre Deus e os deuses. Antes do início das pragas, o Senhor ordenou que Moisés e Aarão operassem um sinal: a vara de Aarão se transformaria em serpente (Ex 7.9-13 – “... lançou Aarão a sua vara... e tornou-se em serpente...”). Os magos do Egito fizeram o mesmo, mas “... a vara de Aarão tragou as varas deles” (Ex 7.12). Essa serpente (da vara de Aarão) é figura de Jesus como a serpente que Moisés levantou, tempos depois, no deserto (Nm 21.8,9 – “... Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste...”). Ele Se fez pecado não tendo nenhum pecado (II Co 5.21 – “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós...”; Hb 4.15 – “... em tudo foi tentado, mas sem pecado”; I Pe 2.22 – “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano”). E pelo pecado condenou o pecado (Rm 8.3 – “... pelo pecado condenou o pecado na carne”). Assim, “... tragada foi a morte na vitória” (I Co15.54).

7. as pragas

a. as águas do Egito se transformaram em sangue (Ex 7.19-25 – “... e todas as águas do rio se tornaram em sangue...”)
O rio Nilo era a fonte de vida para os egípcios como, aliás, é até hoje. A prosperidade do Egito é devida ao rio que os egípcios adoravam como um deus. Mas esse deus foi corrompido pela transformação das suas águas em sangue e não pôde evitar que os peixes morressem (Ex 7.21 – “E os peixes... morreram...”). Com isso, o rio fedeu (Ex 7.21 – “... e o rio fedeu...”) e os egípcios tiveram náuseas por causa do seu deus (Ex 7.18 – “... e os egípcios nausear-se-ão bebendo a água do rio”). “...Os magos do Egito também fizeram o mesmo com os seus encantamentos...” (Ex 7.22).

b. rãs (Ex 8.1-15 – “... e subiram rãs e cobriram a terra do Egito...”)

As rãs eram consideradas animais imundos pelos egípcios. O Nilo, tão sagrado, produziu tal imundícia (Ex 8.3 – “E o rio criará rãs...”). O puro produzindo o imundo. Faraó pede que Moisés rogue a Deus por ele (Ex 8.8 – “... Rogai ao Senhor que tire as rãs de mim e do meu povo...”), mas estava mentindo (Ex 8.15 – “... Faraó... agravou o seu coração...”). As águas já estavam cheirando mal (Ex 7.21 – “... e o rio fedeu...”) e agora, a terra cheirou mal (Ex 8.14 – “... e a terra cheirou mal”). “... Os magos fizeram o mesmo com os seus encantamentos...” (Ex 8.7).

c. piolhos (Ex 8.16-19 – “... todo o pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egito...”)

Todo deus pressupõe a existência de altar e sacerdote. Os sacerdotes que oficiavam os sacrifícios vertiam roupas brancas, rapavam a cabeça e eram inspecionados antes do serviço para que não houvesse imundícia neles diante dos seus deuses. O piolho era considerado imundo e os sacerdotes estavam infestados deles. Eles mesmos, os oficiais, reconheceram que era a mão de um Deus mais poderoso que estava por trás disso (Ex 8.19 – “... Isto é o dedo de Deus...”) porque não puderam fazer o mesmo prodígio (Ex 8.18 – “E os magos... não puderam...”).

d. moscas (Ex 8.20-32 – “... e vieram grandes enxames de moscas... sobre toda a terra do Egito...”)

Os egípcios tinham deuses que atendiam a todas as suas necessidades, desde a menor. Um desses deuses era Balzebu, responsável pelo livramento das moscas. Esse deus afugentava as moscas, mas não impediu que os egípcios fossem assolados por enxames desses insetos (Ex 8.24 – “... a terra foi corrompida destes enxames”). Um deus desmoralizado na sua função. Faraó tenta um primeiro acordo com Moisés (Ex 8.25 – “... Ide e sacrificai ao vosso Deus nesta terra”), imediatamente rejeitado (Ex 8.26,27 – “... Não convém que façamos assim...”). Vendo que sua tentativa falhara, Faraó mente (Ex 8.28,32 – “... Deixar-vos-ei ir... e não deixou ir o povo”) e tenta um segundo acordo (Ex 8.28 – “... não vades longe...”), sendo repreendido por Moisés (Ex 8.29 – “... Faraó não mais me engane...”). Aqui Deus fez separação entre os egípcios e os israelitas (Ex 8.22.23 – “... eu separarei a terra de Gósen...”).

e. peste nos animais (Ex 9.1-7 – “... e todo o gado dos egípcios morreu...”)

Alguns animais eram sagrados e adorados no Egito. Mas não tiveram poder de evitar a morte (Ex 9.6 – “... e todo o gado dos egípcios morreu...”). Deuses mortos. “... Porém, do gado dos filhos de Israel não morreu nenhum” (Ex 9.6).

f. sarna (Ex 9.8-12 – “... e eles tomaram a cinza do forno... e tornou-se em sarna...”)

Os egípcios tinham um deus chamado Tifom, responsável pelo livramento das dores. Mas a sarna “... arrebentava em úlceras nos homens e nos animais” (Ex 9.10) provocando, certamente, imensas dores. Particularmente os magos (Ex 9.11 – “... os magos não podiam parar diante de Moisés por causa da sarna...”), pessoas separadas no meio do povo do Egito, verdadeiros exemplos que o povo devia seguir, foram atingidos. O que o povo egípcio poderia esperar se seus próprios homens de poder eram desmoralizados?

g. saraiva (Ex 9.13-35 – “... e o Senhor fez chover saraiva sobre a terra do Egito... “)

Importante notar que Deus é misericordioso e justo porque antes de trazer a praga da saraiva, conhecedor dos corações, sabia que servos de Faraó haviam, voluntariamente, recebido a Sua Palavra como Verdade (Ex 9.18-21 – “... Quem dos servos de Faraó temia a palavra do Senhor...”).
O Egito era um país predominantemente agrícola. O Nilo era responsável por colheitas abundantes. Havia uma deusa, Serapis, responsável pela proteção à lavoura. Deus trouxe tamanha saraiva como nunca havia sido visto (Ex 9.24 – “...saraiva e fogo misturado... qual nunca houve em toda a terra do Egito...”). Pouca coisa ficou (Ex 9.32 – “Mas o trigo e o centeio não foram feridos...”). Mais um deus desmoralizado. “Somente na terra de Gósen, onde estavam os filhos de Israel, não havia saraiva” (Ex 9.26). Faraó novamente mentiu (Ex 9.28 – “... eu vos deixarei ir...”).

h. gafanhotos (Ex 10.1-20 – “... E vieram os gafanhotos sobre toda a terra do Egito...”)

A essa altura o Egito já estava destruído, o que os próprios servos de Faraó atestaram (Ex 10.7 – “... ainda não sabes que o Egito está destruído?”). Faraó propôs outro acordo, o terceiro, a Moisés e Aarão (Ex 10.10 – “... eu vos deixarei ir a vós e a vossos filhos...”), prontamente rechaçado (Ex 10.8-11 – “... Havemos de ir com os nossos meninos, e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, com as nossas ovelhas, e com os nossos bois...”). Vieram, então, os gafanhotos que acabaram com o pouco que havia sobrado da saraiva (Ex 10.5,15 – “... e não ficou verdura alguma... em toda a terra do Egito”). Acabaram, assim, com o resto de credibilidade que a deusa Serapis ainda gozava. Novamente Faraó mentiu (Ex 10.16-20 – “... tire de mim somente esta morte...”).

i. trevas (Ex 10.21-29 – “... e houve trevas espessas em toda a terra do Egito...”)

Os egípcios associavam as trevas a juízos divinos; por isso tinham medo da escuridão e contavam com um deus que os livrava deste temor: Rá, o deus-sol. Mas esse falso deus foi humilhado quando Deus enviou aquelas espessas trevas (Ex 10.21,22 – “... e virão trevas sobre a terra do Egito, trevas que se apalpem...”). Faraó tentou mais um acordo (Ex 10.24 – “... somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas...”), o quarto, também rapidamente rejeitado (Ex 10.24-26 – “... nem uma unha ficará...”). “... Mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas habitações” (Ex 10.23).

Note-se que Deus endurecia o coração de Faraó a cada praga (7.13 – vara: “Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu...”; 7.22 – sangue: “... de maneira que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu...”; 8.15 – rãs: “... Faraó... agravou o seu coração, e não os ouviu...”; 8.19 – piolhos: “... o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia...”; 8.32 – moscas: “Mas endureceu Faraó ainda esta vez seu coração...”; 9.7 – peste: “... porém, o coração de Faraó se endureceu...”; 9.12 – sarna: “... o Senhor endureceu o coração de Faraó, e não os ouviu...”; 9.34,35 – saraiva: “... e agravou o seu coração... o coração de Faraó se endureceu”; 10.20 – gafanhotos: “O Senhor, porém, endureceu o coração de Faraó...”; 10.27 – trevas: “O Senhor, porém, endureceu o coração de Faraó...”). Dá a impressão que Faraó tinha seu coração amolecido a cada nova atuação do Senhor, mas que era necessário que seu coração estivesse endurecido para que continuassem os sinais e maravilhas vindos de Deus (Ex 9.16 – “Mas deveras para isto te mantive, para mostrar o meu poder em ti...”). Isso não era a ação de Deus sobre um homem, o que configuraria uma injustiça, tamanha a diferença de poder entre um e outro. Veremos isso em seguida.

j. praga de mortandade (Ex 12.13 – “... praga de mortandade...”; 11.1 – 12.36 – “... E aconteceu... que o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito...”)

Esta última foi precedida da praga das trevas – a sombra da morte são as trevas. Davi relata no Salmo 23.4: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte...”
O anúncio da obra que Deus haveria de realizar foi público (Ex 11.4-8 – “... todo o primogênito na terra do Egito morrerá... E saiu de Faraó em ardor de ira”). O Senhor não faz as coisas às escondidas. Quando da praga da saraiva, os servos de Faraó que temiam a Palavra do Senhor fizeram como havia sido ensinado (Ex 9.20,21 – “Quem dos servos de Faraó temia a palavra do Senhor, fez fugir os seus servos e o seu gado para as casas...”). Ora, se temiam a Palavra do Deus de Israel é porque Ela chegou a eles (Ex 10.3-7 – “Assim foram Moisés e Aarão a Faraó e disseram-lhe...”). Da mesma forma, aqui vemos Moisés anunciar, com todas as letras, o que estava prestes a acontecer. E ele anunciou não somente aos hebreus, mas estava diante de Faraó (Ex 11.8 – “... E saiu de Faraó em ardor de ira”). Com certeza, a notícia se espalhou rapidamente e é possível que egípcios tenham crido nessa Palavra. Duas razões para embasar essa afirmativa:

1. Moisés, a esta altura dos acontecimentos, era conhecido em todo o Egito e respeitado quanto à veracidade das palavras que proferia (Ex 11.3 – “... o varão Moisés era mui grande na terra do Egito aos olhos dos servos de Faraó e aos olhos do povo”). Através dele, as outras pragas foram executadas e o povo egípcio estava sentindo na pele (Ex 10.7 – “... ainda não sabes que o Egito está destruído?”) a conseqüência delas.

2. Deus deu uma orientação explícita aos estrangeiros que desejavam ser como os judeus, ou melhor, aos que desejavam servir o mesmo Deus que os judeus (Ex 12.48 – “... se algum estrangeiro... quiser celebrar a páscoa ao Senhor...”). Embora mais tarde essa Palavra viesse englobar tantos povos que entraram em contato com Israel, à época de sua proclamação se referia aos egípcios, povo em cuja terra Israel habitou por mais de 400 anos.

Faraó era um deus para os egípcios ou a personificação desse deus. Seu filho, o filho de deus, a certeza da continuidade no recebimento das benesses advindas dessa autoridade, a certeza de que, mesmo com a morte do pai, o povo não seria desamparado. Não era difícil para os egípcios crerem nisso, pois no seu panteão existia um deus chamado Osiris, casado com Isis, e que tinha um filho de nome Horus. Osiris foi assassinado, mas seu filho vingou a morte, matando o homicida. Evidentemente, a fé em Osiris só aumentou pelo fato dele ter gerado alguém ainda mais poderoso que ele mesmo. Por isso, depois de morto, Osiris passou a ser associado aos movimentos anuais do Nilo e, consequentemente, com as colheitas fartas conseguidas a partir daquelas águas; foi então chamado “o deus da vida”. Não porque estivesse vivo, mas porque gerara a vida daquele em quem o povo agora poderia depositar a confiança, seu filho Horus. Por essa história vê-se a importância que tinha o filho de Faraó. Não era um deus invisível, mas a personificação de deus, aquele que lutara por seu povo e transformara o Egito na maior potência mundial da época.
Ainda que tudo isso talvez pudesse tornar justa a operação de Deus contra Faraó e sua casa, contudo o juízo não foi executado nele por causa da fé equivocada do povo. Cada um é responsável pelo seu pecado (Ez 18.4 – “... a alma que pecar, essa morrerá”) e Faraó e sua casa não poderiam ser penalizados pelos erros de outros. Mas qual terá sido, então, o pecado tão terrível que Faraó cometeu a ponto de trazer sobre si mesmo tamanha condenação?
A transgressão em que foi achado o rei do Egito é o não reconhecimento do Senhor como Único Deus, e a aceitação da proclamação que o povo fazia a respeito dele (dele, Faraó). Ele não era deus, mas aceitava que assim o considerassem. Mesmo no Novo Testamento há um caso de juízo de Deus contra alguém que não deu glória ao Senhor quando foi aclamado como deus: Herodes (At 12.21-23 – “... E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor porque não deu glória a Deus...”).
O Senhor provocou a suprema derrota aos deuses dos egípcios: trouxe a morte para dentro da casa de Faraó. Depois disso, em quem mais, em qual deus podia o Egito crer ou confiar? Ainda que os outros deuses tivessem sido desmoralizados restava a presença de Faraó e seu descendente garantindo a paz e a prosperidade da nação. Depois daquele dia, nem isso havia mais.
Nunca mais o Egito teve a preeminência que experimentara naqueles dias de muitas conquistas e muita idolatria. A mão de Deus pesou. Nenhum exército israelita se levantou para alcançar a libertação. O Senhor o fez. Para os judeus, a independência dos egípcios significava a dependência de Deus. Combate-se a morte com a vida, as trevas com a luz e a mentira com a verdade.
As pragas que atingiram o Egito não alcançaram o povo de Israel porque há uma promessa de livramento para os que dele fazem parte: “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda” (Sl 91.10).
Há um testemunho importante a respeito do poder de Deus: o testemunho de Jetro, sogro de Moisés, homem que não era hebreu, ou melhor, era um parente distante dos judeus. Os midianitas, a cujo povo pertencia Jetro, eram descendentes de Midiã, filho de Abraão e Quetura, mulher tomada por Abraão após a morte de Sara (Gn 25.1,2,4 – “... e os filhos de Midiã foram...”; I Cr 1.32,33 – “... Quetura... deu à luz... a Midiã...”).
Esse homem, Jetro, é apresentado como sacerdote de Midiã (Ex 2.16 – “ E o sacerdote de Midiã tinha sete filhas...”). Se era sacerdote é porque oficiava diante de Deus (ou de deus). A quem ele servia a Bíblia não diz, mas é evidente, e isso é importante, que a libertação do povo de Israel do Egito, após tantas e irrefutáveis provas do poder de Deus, provocou nele um profundo temor (Ex 18.1-12 – “... Jetro... ouviu todas as coisas que Deus tinha feito a Moisés e a Israel... e alegrou-se Jetro de todo o bem que o Senhor tinha feito a Israel...”). Com certeza, havia no coração de Jetro uma dúvida, ou talvez uma pergunta: Por que, sendo o Deus de Israel tão Poderoso, os judeus são tão oprimidos? O v. 11 revela essa ansiedade que havia sido, finalmente, desfeita (“Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses...”).

8. a instituição da Páscoa

Observação: o livro de Gênesis fala sobre o rei de Salém, Melquisedeque, que levou pão e vinho à presença de Abraão – uma figura da Páscoa que seria instituída (Gn 14.18-20 – “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo”). A Páscoa precede a lei, não está sujeita à temporalidade da lei. Ela estabelece a ligação do patriarca Abraão com Cristo. Cristo é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7.17 – “... Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque”), e não da ordem aarônica – esta sim instituída sob a lei (Hb 7.5 – “... os filhos de Levi recebem o sacerdócio...”).
Quando se aproximava a hora da décima e última praga, a morte dos primogênitos, Deus instituiu a Páscoa para Seu povo, como sinal de que Israel era o Seu primogênito (Ex 4.22,23 – “... Israel é meu filho, meu primogênito”) e somente ele seria poupado. “Chamou, pois, Moisés a todos os anciãos de Israel e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias e sacrificai a páscoa. Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se e adorou. Disse mais o Senhor a Moisés e a Aarão: Esta é a ordenança da páscoa; nenhum filho do estrangeiro comerá dela” (Ex 12.21,27,43).
Naquela noite da morte dos primogênitos o povo que temeu a Deus foi liberto da escravidão enquanto o Senhor executava Seu juízo sobre a nação que o escravizara por quatro séculos. “E aconteceu, à meia-noite, que o Senhor feriu todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até ao primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais. E Faraó levantou-se de noite, ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia grande clamor no Egito porque não havia casa em que não houvesse um morto. Então chamou a Moisés e a Aarão de noite e disse: Levantai-vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os filhos de Israel; e ide, servi ao Senhor, como tendes dito. E o povo tomou a sua massa, antes que levedasse, e as suas amassadeiras atadas em seus vestidos, sobre seus ombros. Fizeram, pois, os filhos de Israel conforme à palavra de Moisés e pediram aos egípcios vasos de prata, e vasos de ouro, e vestidos. E o Senhor deu graça ao povo em os olhos dos egípcios, e emprestavam-lhes e eles despojavam os egípcios” (Ex 12.29-31,34-36).
A primeira Páscoa marcou a saída do povo hebreu do Egito, depois de 400 anos de dura escravidão. A partir de então, deveria ser comemorada de ano em ano como forma de se trazer este tão grande livramento à memória, e também para que ele fosse transmitido às gerações seguintes (Ex 10.2 – “E para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que obrei no Egito...”; Ex 12.26,27 – “... quando vossos filhos vos disserem: Que culto é esse vosso? Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito... e livrou as nossas casas”). É uma festa de gratidão a Deus.
A festa traz à memória a libertação do povo de Deus quando a décima praga caiu sobre o Egito e somente aqueles que obedeceram à ordem do Senhor e passaram o sangue do cordeiro em suas portas, pelo lado de dentro (Ex 12.22 – “Então tomai um molho de hissopo e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e lançai na verga da porta e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã”), foram poupados. O destruidor – a morte que o Senhor promoveu – passou por cima das casas dos filhos de Israel, poupando seus primogênitos (Ex 12.23 – “Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; porém, quando vir o sangue na verga da porta e em ambas as obreiras, o Senhor passará aquela porta e não deixará ao destruidor entrar em vossas casas para vos ferir”) porque a presença de sangue indica que, no lugar em que ele está, já houve julgamento..
O significado disso é que o Senhor nos conhece por dentro, conhece o nosso coração (At 15.8 – “... Deus... conhece os corações”). Os israelitas estavam seguros apenas atrás das ombreiras e da verga das portas aspergidas com o sangue; assim também, nós estamos seguros somente em Jesus, se permanecermos nEle. O Senhor disse: “... Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”. João insistia em que se permaneça em Cristo (I Jo 2.28 – “... permanecei nele...”). Permanecer, acima de tudo, significa atender ao que Ele ordena (Jo 15.10,14 – “Se guardardes os meus mandamentos permanecereis no meu amor... Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”).
O primeiro dia da festa da Páscoa representa a saída do Egito e o sétimo, a passagem do povo pelo Mar Vermelho por terreno firme e seco.
Há milênios os judeus comemoram os eventos do Êxodo. Tal festa é celebrada com vinho, “matzah” (pão sem fermento) e “harosset” (ervas amargas), que simboliza a escravidão no Egito e a posterior libertação.
A Páscoa mostra a eternidade do povo a quem Deus escolhe. Outras nações, grandes impérios e civilizações poderosas e de avançada cultura desapareceram. Tornaram-se meros resquícios arqueológicos enquanto Israel permaneceu.

a. os dois acontecimentos que Moisés celebrou

Moisés celebrou dois acontecimentos (Hb 11.28 – “Pela fé celebrou a páscoa e a aspersão do sangue para que o destruidor dos primogênitos lhes não tocasse”):

a.1. tomou o cordeiro no décimo dia do mês de abibe, guardou-o até o décimo quarto dia e, então, o sacrificou. “... Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada casa. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde” (Ex 12.3,6);

a.2. tomou o sangue e colocou-o em ambas as obreiras e na verga da porta de suas casas. “E tomarão do sangue e pô-lo-ão em ambas as obreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem” (Ex 12.7). Este ato de fé foi feito antes de comerem a Páscoa.

“E naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães asmos; com ervas amargosas a comerão” (Ex 12.8).
O Senhor usa uma expressão forte e contundente para mostrar a importância desta celebração e a diferença que Ele mesmo fazia (Ex 11.7 – “... para que saibais que o Senhor fez diferença entre os egípcios e os israelitas”) entre o Seu povo e os egípcios que o escravizaram: “... esta é a páscoa do Senhor” (Ex 12.11). Mas o mais importante é que não houve morte onde havia o sangue, pois o Senhor, vendo o sangue, poupou as vidas. Foi o cumprimento da Palavra de Deus diante da fé obediente do Seu povo. Enquanto todos os primogênitos da terra do Egito morreram, tanto homens quanto animais, nas casas dos hebreus todos foram preservados em vida.

9. alguns versículos de Êxodo 12

a. versículo 2

A Páscoa é o início de um tempo novo (II Co 5.17 – “... eis que tudo se fez novo”). O encontro com Jesus, o Cordeiro de Deus, é o início da vida eterna em nós (Lc 19.9 – “... Hoje veio a salvação a esta casa...”). Bom motivo para comemoração;

b. versículo 3

Um cordeiro para cada casa. A salvação é individual. A casa é o nosso coração onde Jesus quer habitar (Ap 3.20 – “... entrarei em sua casai...”). Ele quer habitar em cada um (Jo 14.23 – “... faremos nele morada”);

c. versículo 5

“O cordeiro... será sem mácula...” A perfeição do cordeiro pascal aponta para a vida imaculada de Jesus.

d. versículo 8

“Pães asmos” é a sinceridade do nosso coração em nossa entrega pessoal a Deus (I Co 5.8 – “... façamos festa... com os asmos da sinceridade e da verdade”). Não há mais lugar em nossa vida para sentimentos que possam sombrear a simplicidade (II Co 11.3 – “... simplicidade que há em Cristo”) e verdade da nossa conversão. Ervas amargosas é o gosto da escravidão. Aquele que participava da Páscoa precisava conhecer o gosto amargo da escravidão. A Páscoa é a festa daqueles que foram libertos, que se alegram por conhecerem o sentido da salvação. Hoje, não precisamos mais das ervas amargosas porque o Senhor Jesus levou toda a amargura quando tomou o vinagre na cruz (Mt 27.48 – “E logo um deles, correndo, tomou uma esponja e embebeu-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber”);

e. versículo 11

“... comereis apressadamente...”. A Palavra de Deus deve ser prontamente recebida quando pregada. O nome do Senhor é Já (Sl 68.4 – “... o seu nome é Já...”) e o tempo do Senhor é Hoje (Hb 3.13 – “... o tempo que se chama Hoje...”). O atendimento a toda convocação do Senhor deve ser imediato. Comer apressadamente é o motivo porque o pão não leveda e o suco de uvas não fica alcoólico;

f. versículo 15

“Sete dias...”. É um tempo designado pelo Senhor. Que tempo é esse? É o tempo que temos desde a nossa conversão até o dia em que Jesus vier nos buscar. Durante esse tempo precisamos estar livres de toda contaminação (fermento) a fim de sermos santificados pelo Santo (Ap 22.11 – “... quem é santo, seja santificado ainda”);

g. versículo 22

“...nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã”. A nossa proteção está no Senhor (Sl 91.1 – “... esconderijo do Altíssimo...”; Mt 23.37 – “Jerusalém, Jerusalém... quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos...”). Se sairmos de debaixo da proteção que há no sangue de Jesus nada mais nos resta. Melhor seria nem termos conhecido o Senhor (II Pe 2.20-22 – “... Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça...”). O conhecimento da verdade amedronta o homem diante do pecado; mas isso não quer dizer, em absoluto, que houve arrependimento do pecado, mas sim que brota um desejo de viver uma aparência de bem, que é pior que o mal. Quando não se aborrece o mal, conseqüentemente voltar-se-á a ele;

h. versículos 26,27; 13.8

Necessidade de uma experiência pessoal, de um testemunho de conversão definitiva para ter o que ensinar aos filhos (literal) e àqueles que ainda necessitam de salvação. Só assim a semente permanecerá para sempre e dará frutos (Pv 22.6 – “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”);

i. versículos 31,32

“... servi ao Senhor como tendes dito...”. Faraó havia proposto, durante o período das pragas, vários acordos a Moisés (Ex 8.25-28 – “... sacrificai... nesta terra... não vades longe...”; 10.8-11 – “... deixarei ir a vós e a vossos filhos...”; 10.24-26 – “... fiquem vossas ovelhas e vossas vacas...”). Nenhum deles foi aceito. Não há acordo com o inimigo (Ec 10.4 – “... o acordo é um remédio que aquieta grandes pecados”). Quando o povo saiu, fê-lo da forma como Deus havia ordenado e não por um acordo feito com o opressor. Quando clamamos a Deus por alguma coisa ou alguém, o Senhor “... é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos...” (Ef 3.20). Por isso, não precisamos nos contentar com migalhas que o inimigo quer propor ao nosso coração;

j. versículos 35,36

“... vasos de prata e vasos de ouro...”. Deus, quando fez o homem, o fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26 – “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”). Não podemos imaginar Adão, antes do pecado, com tristeza, ira, contenda e tantas outras coisas que fazem parte do coração do homem como conseqüências do pecado. Entretanto, depois de pecar, todos estes perversos sentimentos foram se assenhoreando do ser humano. O mal nada mais é do que a ausência do bem. Quando o Senhor entra, imediatamente o mal sai. Quando acendemos uma luz dentro de um quarto em nossa casa automaticamente as trevas se dissipam. Quando abrimos a porta do nosso coração, o Senhor entra e começa a ordenar a bênção e a efetuá-la em nossa vida (Fp 2.13 – “... Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar..”; I Ts 2.13 – “... palavra de Deus a qual... opera em vós, os que crestes”).
Quando houve o encontro da serpente com Eva, e esta aquiesceu às palavras mentirosas ditas por aquela, houve como que um roubo. Eva, e Adão, e toda a humanidade foram roubados por aquele que é o ladrão e vem para roubar, matar e destruir (Jo 10.10 – “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir...”). Os que estão em trevas são roubados (Is 42.22 – “... este é um povo roubado e saqueado...”). Jesus veio restituir o homem à sua condição de rico. A paz (Rm 5.1 – “... temos paz com Deus...”) é riqueza, o descanso (Sl 91.1 – “... à sombra do Onipotente descansará”) é riqueza, a alegria (Ne 8.10 – “... a alegria do Senhor é a vossa força”) é riqueza, o amor (I Jo 4.18 – “... o perfeito amor lança fora o temor...”) é riqueza, os sentimentos de Deus roubados do homem são riquezas que estavam longe para que ele não tivesse mais esperança. Mas Jesus, ao nos salvar, morrendo por nós na cruz do Calvário, restituiu à humanidade a esperança. Ele é a esperança (Cl 1.27 – “... Cristo em vós, esperança da glória”; Jr 17.13 – “... Senhor, Esperança de Israel...”).
Os que participam da Páscoa, não no sentido de serem membros de uma Igreja, mas os que tomaram o sangue do Cordeiro e O colocaram nas ombreiras e verga da porta, os que participam dos asmos, os que não são mais bem-vindos nos lugares da morte, que foram rejeitados por ela, vomitados como Jesus (At 2.24 – “soltas as ânsias da morte...”; Ex 12.33 – “E os egípcios apertavam ao povo, apressando-se para lançá-los da terra...”) porque andam nas pisaduras do Mestre (Is 53.5 – “... pelas suas pisaduras fomos sarados”), esses têm restituídas as coisas que haviam sido roubadas. Saímos da escravidão não só com a liberdade, mas enriquecidos com tudo aquilo que Deus quer que o homem tenha e sinta. Fomos criados para a alegria, para a paz, para a comunhão, para o louvor da glória do Senhor. Esses são os vasos de ouro e vasos de prata. Coisas preciosas que precisamos ter no coração, que precisamos declarar como nossas. Precisamos despojar as hostes inimigas e reivindicar para nós o que Deus nos preparou.

10. Pessach

Páscoa, no original hebraico, é pessach, que significa passagem, passar por cima, ou poupar. Originalmente, é a festa da libertação de Israel da escravidão no Egito.
É uma festa de Deus e para Deus. Não foi homem algum que a instituiu, mas o próprio Senhor deu ordenança ao Seu povo escolhido de como e quando ela deveria ser celebrada. Ela é anual, com data marcada por Deus; seu início é na noite do dia 14 do mês de abibe, também chamado nisã, o primeiro do calendário judaico (aproximadamente março ou abril no nosso calendário); é seguida da festa dos pães asmos que dura sete dias.

11. os calendários

O dia escolhido pelo Senhor para o sacrifício da Páscoa foi 14 do mês de abibe, e no período da tarde. A festa começa com a morte de um cordeiro como oferta pelo pecado (Ex 12.5,6 – “O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras; e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde”).O mês de abibe faz parte do calendário lunar. Deus o chamou “o princípio dos meses... o primeiro dos meses do ano” (Ex 12.2). Algumas traduções dizem o principal dos meses. A seguir, os meses do calendário lunar e sua correspondência no calendário gregoriano:





12. Por que anualmente?

Todos nós sabemos que qualquer comemoração se faz anualmente. A palavra aniversário faz alusão a este fato. Ninguém comemora aniversário todos os dias ou meses, mas traz em memória o dia do nascimento. Quando o Apóstolo Paulo escreve, em I Co 11.26, “... todas as vezes...”, quer dizer anualmente.
A tendência do homem é sempre seguir as tradições dos pais, das religiões, etc. Sempre é possível encontrar na Palavra textos que justifiquem quaisquer atos. O sentido de “alimpai-vos... do fermento velho...” (I Co 5.7) é sair do cativeiro sem levar as coisas que foram aprendidas durante o tempo que ele durou, é abandoná-las, não ter desejo de voltar atrás (Mt 16.12 – “... que se guardassem... da doutrina dos fariseus”). Celebrar semanalmente, ou mensalmente, ou semestralmente é escolha dos homens. Jesus não veio alterar o que está no Velho Testamento, acrescentando ou tirando algo, mas cumprir (Mt 5.17 – “Não... vim destruir a lei... mas cumprir”). Quando Jesus foi argüido pelos principais dos sacerdotes, pelos escribas e pelos anciãos sobre a autoridade que tinha para ensinar o povo no templo (Lc 20.1,2 – “... estando ele ensinando o povo no templo, e anunciando o evangelho, sobrevieram os principais dos sacerdotes e os escribas com os anciãos, e falaram-lhe dizendo: ... com que autoridade fazes estas coisas?...”), respondeu com outra pergunta: “O batismo de João era do céu ou dos homens?” (Lc 20.4). Com certeza, no lugar daqueles homens responderíamos a mesma coisa que eles: “... Não sabemos...” (Mt 21.27). Só podemos saber a verdade pelas Escrituras. As tradições nos dizem para celebrarmos a Páscoa semanalmente, mensalmente, a cada vez que o povo se reúne, ou de qualquer outra forma, mas a Palavra ensina de outra forma. no Velho Testamento, acrescentando ou tirando algoendidas durante do de "braç
As quatro estações do ano passam para que volte a celebração. Com a Páscoa não é diferente; os israelitas celebravam-na no dia 14 do mês de Abibe ou Nisã para marcar sua saída do Egito depois de 400 anos de escravidão. Era a estação da chuva serôdia, ou chuva da primavera – o rio Jordão transbordava (Js 3.15 – “... porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da sega”). Era a época do amadurecimento da cevada das baixadas e também quando o trigo lançava suas espigas; era o início da primavera no hemisfério norte.
A ceia é o ato físico de comer o alimento patrocinado pela festa da Páscoa. Ninguém vai a uma festa apenas para comer; vai-se para celebrar algo (Sl 100.1,5 – “Celebrai com júbilo ao Senhor... Porque o Senhor é bom...”). Quando nos ajuntamos não é para comer a ceia (I Co 11.20 – “... quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor”), mas para termos em memória o sacrifício de Jesus (I Co 11.24,25 – “... fazei isto em memória de mim...”).
Se a festa for realizada diversas vezes ao ano estaremos antecipando a celebração da Páscoa e cada um come a sua própria ceia (I Co 11.21 – “... cada um toma antecipadamente a sua própria ceia...”).
Desprezar a casa de Deus é ter conhecimento de Sua vontade, mas fazer a sua própria (I Co 11.22 – “Não tendes... casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus...?”). O Apóstolo Paulo diz sobre o assunto: “... Nisto não vos louvo” (I Co 11.22), isto é, não tenho prazer.
Para nós, a celebração anual é uma festa que nos marca com sinal de gratidão pela saída da escravidão para a liberdade dos filhos de Deus. Também é o reconhecimento de que isto foi possível porque um homem chamado Moisés, pela fé, obedeceu ao que Deus lhe ordenara.

13. as ocorrências relatadas da páscoa no Velho Testamento

Embora o calendário judaico fosse lunar e as festas, por isso, móveis, a Páscoa sempre foi celebrada no mesmo dia e mês nas 6 vezes em que aparece na Palavra de Deus:

a. no Egito (Ex 12 – “... esta é a páscoa do Senhor...”), com Moisés. O povo saiu apressadamente, de tal maneira que a massa preparada para o fabrico do pão não teve tempo de se fermentar;

b. “... no deserto de Sinai, no ano segundo da sua saída da terra do Egito...” (Nm 9.1), também com Moisés. Naquela oportunidade, o Senhor permitiu que os que não estavam santificados e aqueles que se achavam em viagem a celebrassem trinta dias depois da data certa (Nm 9.6-13 – “... Quando alguém entre vós... for imundo... ou se achar em jornada longe... no mês segundo, no dia catorze... a celebrarão...”), demonstrando a importância da data;

c. em Gilgal, nas Campinas de Jericó, nos dias de Josué (Js 5.10-12 – “Estando, pois, os filhos de Israel alojados em Gilgal, celebraram a páscoa...”). No dia seguinte ao da celebração da Páscoa o povo comeu do trigo da terra e, no dia seguinte a este, cessou o maná que alimentou o povo por 40 anos no deserto;

d. no tempo de Ezequias (II Cr 30.1-27 – “... E ajuntou-se em Jerusalém muito povo para celebrar a festa dos pães asmos, no segundo mês... Então sacrificaram a páscoa no dia décimo-quarto do segundo mês...”), rei de Judá (II Re 18.1 – “... começou a reinar Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá”), ancestral de Cristo (Mt 1.9 – “... e Acaz gerou a Ezequias”), quando foi celebrada no segundo mês depois do rei ter tomado conselho com seus maiorais porque no tempo próprio, 14 de abibe, não havia sacerdotes purificados em número suficiente para a festa, nem o povo havia se ajuntado em Jerusalém. Havia uma multidão de pecados e os sacerdotes e levitas se envergonharam (II Cr 30.15 – “... e os sacerdotes e levitas se envergonharam...”). Mesmo com a Páscoa sendo realizada no segundo mês – não como estava escrito (II Cr 30.5,18 – “... porque muitos a não tinham celebrado como estava escrito... e, contudo, comeram a páscoa, não como está escrito...”) –, houve quem não se purificasse; o Senhor, no entanto, ouviu o clamor de Ezequias e sarou o povo;

e. no 18º ano de Josias (“a quem o Senhor cura”), que reinou de 642 a.C. a 611 a.C. – começou seu reinado com 8 anos de idade (II Re 22.1 – “Tinha Josias oito anos de idade quando começou a reinar, e reinou trinta e um anos em Jerusalém...”) –, e que era filho de Amon. Josias promoveu uma grande volta do povo aos caminhos do Senhor (II Re 23.3 – “E o rei... fez o concerto perante o Senhor, para andarem com o Senhor e guardarem os seus mandamentos...”), destituindo sacerdotes que haviam se afastado de suas funções (II Re 23.5 – “... destituiu os sacerdotes que os reis de Judá estabeleceram para incensarem sobre os altos...”) e destruindo altares e ídolos (II Re 23.4-14 – “... o rei mandou... que se tirassem... todos os vasos que se tinham feito para Baal... Também... derribou os altares... profanou... os altos que estavam defronte de Jerusalém... quebrou as estátuas...”), incluindo o que Jeroboão havia feito para que Israel pecasse (II Re 23.15 – “E também... o alto que fez Jeroboão... que tinha feito pecar a Israel...”). Com 26 anos de idade (II Re 22.3 – “... no ano décimo-oitavo do rei Josias...”), Josias enviou Safã, o escrivão, para dizer a Hilquias, o sumo sacerdote, que iniciasse as obras de reparação do templo do Senhor (II Re 22.3-7 – “... para que tome o dinheiro que se trouxe à casa do Senhor... para repararem as fendas da casa...”). Hilquias, tendo começado o trabalho, mandou um recado a Safã: “... Achei o livro da lei na casa do Senhor...” (II Re 22.8). Quando Safã leu o livro para o rei, este imediatamente se humilhou na presença do Senhor (II Re 22.11-13 – “... ouvindo o rei as palavras do livro da lei, rasgou os seus vestidos...”) e mandou celebrar a Páscoa “... como está escrito no livro do concerto” (II Re 23.21). “Porque nunca se celebrou tal Páscoa como esta desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tão pouco dos reis de Judá. Porém, no ano décimo oitavo do rei Josias esta Páscoa se celebrou ao Senhor em Jerusalém” (II Re 23.22,23; II Cr 35.1-19).
Como é normal no ser humano, com o passar do tempo esquecemo-nos de muitas coisas, até mesmo dos ensinamentos bíblicos. Talvez devido a isto, a Palavra de Deus seja muitas vezes enfática em nos exortar para que ensinemos uns aos outros e os nossos filhos (Cl 3.16 – “... ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros...”; Dt 6.6,7 – “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração, e as intimarás a teus filhos...”). As gerações anteriores foram perdendo o interesse em ensinar às novas a lei que o Senhor deixara a Moisés. Esqueceram-se de Sua palavra, mandamentos, promessas, e também deixaram de comemorar a Páscoa. O texto de II Crônicas 34.14-21 fala sobre o assunto claramente (“... porquanto nossos pais não guardaram a palavra do Senhor, para fazerem conforme a tudo quanto está escrito neste livro”). Ali podemos ler que Hilquias, o sumo sacerdote (II Re 22.4 – “... Hilquias, o sumo sacerdote...”), achou o livro da lei do Senhor e o enviou ao rei Josias por intermédio do escrivão Safã. O rei, ouvindo ler o que estava escrito no livro do Senhor, perturbou-se e grande temor caiu sobre ele ao perceber quão distante estava o povo de Israel de Deus. O rei deu uma ordem severa e exigiu o cumprimento da lei. Após o Senhor falar através da profetisa Hulda (II Cr 34.22-33 – “Então Hilquias e os enviados do rei foram ter com a profetisa Hulda... e ela lhes disse...”), o rei Josias tomou providências para que todo o povo conhecesse a Palavra do Senhor e se restabelecessem os Seus estatutos, incluindo a festa da Páscoa. O rei determinou que todas as abominações contra o Senhor fossem tiradas do meio do povo, pois para uma comemoração tão importante tudo deveria estar purificado. Feito isso, Josias mandou sacrificar a Páscoa (II Cr 35.1-19 – “Então Josias celebrou a páscoa ao Senhor em Jerusalém...”);

f. nos tempos dos profetas Ageu, que quer dizer “Festivo”, e Zacarias, cujo significado é “Lembrado de Jeová” (Ed 6.14 – “E os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando pela profecia do profeta Ageu e de Zacarias...”), quando a Páscoa foi um acontecimento realmente aguardado com grande ansiedade, pois foi celebrada por aqueles que voltaram do cativeiro da Babilônia para a reconstrução dos muros de Jerusalém (Ed 6.19-22 – “E os que vieram do cativeiro celebraram a páscoa no dia catorze do primeiro mês...”). Durante o cativeiro da Babilônia, três reis se puseram a favor do povo de Deus (Ed 6.14 – “... conforme ao mandado de Ciro e de Dario, e de Artaxerxes...”) para reconstruir o templo. São eles: Artaxerxes (“rei forte”), persa-babilônico, que ordenou a reconstrução de Jerusalém, liberando muitos dos judeus, ajudando-os neste empreendimento (Ed 4;7-24 – “... E guardai-vos de cometerdes erro nisto; por que cresceria o dano para prejuízo dos reis?...”). Depois veio o rei Ciro, nome persa que quer dizer “sol”. Este foi fundador do império persa e também auxiliou os judeus, no ano de 536 a.C. (II Cr 36.22,23 – “... Assim diz Ciro...: O Senhor me encarregou e lhe edificar uma casa em Jerusalém...”), assim como Dario, rei da Pérsia (Ed 4.5 – “... todos os dias de Ciro, rei da Pérsia, até ao reinado de Dario, rei da Pérsia”), em 521 a.C. Os que vieram do cativeiro foram 49897 vidas (Ed 2.64,65 – “Toda esta congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta, afora os seus servos e as suas servas que foram sete mil trezentos e tinta e sete; também tinha duzentos cantores e cantoras”). Retornando, celebraram a Páscoa no dia 14 do 1º mês “porque os sacerdotes e levitas se tinham purificado como se fossem um só homem e todos estavam limpos; e mataram o cordeiro da páscoa para todos os filhos do cativeiro, e para seus irmãos, os sacerdotes, e para si mesmos” (Ed 6.20).

As acima mencionadas são as celebrações da Páscoa relatadas no Velho Testamento. Provavelmente, deve ter havido outras que não estão citadas nas Escrituras.
A grande batalha dos hebreus era lutar contra os ídolos colocados nos altos, dos quais ficavam escravos. Foram poucos os reis que derrubaram os ídolos. A Páscoa é o livramento dos ídolos.

14. o sangue dos animais

No Velho Testamento eram mortos milhares de cordeiros da Páscoa por todo aquele que não estava limpo (II Cr 30.17- “Porque havia muitos na congregação que se não tinham santificado; pelo que os levitas tinham cargo de matarem os cordeiros da páscoa por todo aquele que não estava limpo, para o santificarem ao Senhor”). Por que o sangue de animais? Porque é um sangue que não tem pecado, embora também não tenha vida (Ec 3.19-22 – “... o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais... como morre um, assim morre o outro...”). Era, então, usado não para perdão dos pecados, mas para o perdão da maldade dos pecados, para cobrir os pecados apenas, o que demandava bastante sangue como se entende lendo a Palavra. Assim, durante todo o período do Velho Testamento, os sacerdotes usaram o sangue dos animais para entrar no Santo dos santos com sangue alheio. Além disso, o animal oferecido não era um sacrifício voluntário. Era preciso uma vida humana perfeita. O sacrifício de Jesus foi perfeito e voluntário, pois Ele disse: “... para isto vim a esta hora” (Jo 12.27). Os sacerdotes escolhiam sempre um animal perfeito, sem mácula, porém tudo era passageiro e a sua repetição não diminuía a imperfeição dos ministrantes (Hb 10.1,2 – “... a lei... nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam...”).
Nós não precisamos desprezar a Páscoa dos judeus, pois ela veio até nós para se cumprir em Cristo. Não matamos cordeiros, nem temos necessidade de pães asmos e de ervas amargosas porque temos a perfeita oferta, a maior de todas: “... o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O sangue de Jesus tira o pecado e não apenas o cobre. “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co 5.21). Assim, consegue-se a salvação somente mediante o sangue de Cristo (I Jo 1.7 – “... o sangue de Jesus Cristo... nos purifica de todo o pecado”), através da obediência da fé (Rm 16.25,26 – “... a revelação do mistério que desde tempo eternos esteve oculto... para obediência da fé”)
No Velho Testamento, todos os anos o sumo sacerdote entrava no Santo dos santos sempre com sangue alheio, isto é, de animais cujo corpo ficava do lado de fora do templo. Ele colocava o sangue nas pontas do altar, primeiro pelos seus próprios pecados e, depois, pelos do povo. Mesmo que os sacerdotes clamassem por justiça para os homens, ela era como “... trapo de imundícia...” (Is 64.6). Era uma repetição enfadonha, tanto que aparece no Velho Testamento apenas 6 vezes. Desde tempos remotos, o método do derramamento de sangue era usado para se buscar o perdão dos pecados. “Porque a alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11). “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).

15. a passagem para o Novo Testamento

Quando Paulo declara ser “Cristo nossa Páscoa” (I Co 5.7), confirma a substituição do sangue animal pelo do “... Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Dessa forma, não comemoramos mais a libertação do povo judeu da escravidão do Egito por intermédio de Moisés.
Não que tal celebração não exista mais; afinal, a Páscoa é uma ordenança perpétua de Deus (Ex 12.14 – “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo”). Porém, hoje sabemos que aquela festa era uma sombra desta que comemoramos (Hb 10.1 – “... tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas...”), que é a nossa própria libertação da servidão do pecado por intermédio de Jesus Cristo (Hb 2.15 – “E livrasse todos os que... estavam por toda a vida sujeitos à servidão”). Ele é “o Cordeiro de Deus” (Jo 1.29) e dEle é o sangue aspergido (Hb 12.24 – “E a Jesus, o Mediador duma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão que fala melhor do que o de Abel”; I Pe 1.2 – “Eleitos... para a... aspersão do sangue de Jesus Cristo...”; Mt 26.28 – “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos para remissão dos pecados”) que, diferente do sangue de animais, pode tirar nossos pecados.
A Páscoa é uma lembrança da nossa libertação, nos chamando a atenção para que não vivamos mais como antes, fora da direção de Deus. Nisto está a imagem dos pães sem fermento. No passado, o povo judeu deveria tirar de suas casas todo o fermento para comemorar a Páscoa (Ex 12.15 – “... ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas...”). Hoje entendemos, pela revelação de Jesus Cristo, que o fermento é toda contaminação do nosso coração e mente, seja ela proveniente de doutrinas estranhas, de tradições humanas ou religiosas, de costumes desagradáveis a Deus ou comportamentos que não estão de acordo com o que aprendemos do Senhor. Devemos estar livres destas coisas quando nos apresentarmos diante do Senhor em Sua Páscoa (II Pe 2.20 – “... se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro”). É necessário ir além do conhecimento; é necessário chegar à graça, como lemos em II Pedro 3.18: “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo...”
Todas as celebrações que requeriam a morte de incontáveis animais cessaram em Cristo que se tornou a maior e mais gloriosa celebração – “... Cristo, nossa Páscoa...” (I Co 5.7). Há pessoas que ainda não sabem discernir o corpo de um animal do corpo de Cristo. Participar da Páscoa significa ser honrado pelo convite. Jesus tem nos convidado para uma grande festa: a do casamento do Filho do Rei. Há algumas condições para dela participar, sendo a principal as vestes brancas: “... lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14).

16. a Páscoa no Novo Testamento

A Páscoa no Novo Testamento é um seguimento do que acontecia no Velho, com a substituição do cordeiro e do sangue. O cerimonial é cercado de muito maior alegria do que aquela encontrada nos hebreus que saíram do Egito para “... uma terra que mana leite e mel...” (Ex 3.8) porque lá a Jerusalém que eles buscavam era “... escrava com seus filhos” (Gl 4.25) ao passo que a que buscamos “... é de cima, é livre...” (Gl 4.26)
Com Cristo, no Novo Testamento, tudo é real e a história é diferente porque “Deus prova o Seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Ele não veio para morrer muitas vezes, “pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus” (Rm 6.10). A Páscoa que celebramos é esta: “... Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (I Co 5.7).
Páscoa, no Novo Testamento, quer dizer redenção.
Jesus foi santificado pelos nossos pecados e morreu por causa do pecado que a humanidade carregava como um fardo pesado e um jugo terrível. “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (I Pe 1.18,19). “E darás à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21). “E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama e em seu salgue nos lavou dos nossos pecados” (Ap 1.5). “... Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). O homem já nasce em pecado – aliás, é concebido em pecado (Sl 51.5 – “... em pecado me concebeu minha mãe”) – e, por isso, “... a carne e o sangue não podem herdar o rei no de Deus...” (I Co 15.50). Quando Caim matou seu irmão Abel, o sangue deste clamou por justiça; mas havia pecado no sangue. O sangue de Cristo, no entanto, clamou muito mais alto (Hb 12.24 – “... sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”). Jesus disse: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas, porque o meu jogo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.29,30). O Senhor diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

a. diferença entre inocentar e perdoar

Há uma diferença entre inocentar e perdoar. O perdão está vinculado a um senso de justiça, de modo que não fere a santidade de Deus, estando ligado à morte de uma vítima ou substituição do pecador ofertante. Para que a justiça de Deus fosse satisfeita, a diferença está em que no Novo Testamento o ofertante é perdoado quando o Cordeiro é morto, mesmo sendo animal sem mácula. Jesus é a vítima perfeita, sem pecado e, portanto, único capaz de satisfazer a justiça de Deus (II Co 5.21 – “... para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”).
O perdão do pecado é um ato restrito e reservado de Deus porque ele é o verdadeiro ofendido em Sua santidade. Na morte de Jesus o nosso velho homem é crucificado, morto e sepultado (Rm 6.4,6 – “... fomos sepultados com ele... nosso homem velho foi com ele crucificado...”); na ressurreição de Cristo somos levantados com Ele em novidade de vida (Rm 6.4 – “... como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”; Ef 2.5-7 – “... nos vivificou juntamente com Cristo... e nos ressuscitou juntamente com ele...”). Jesus disse antes de participar da última Páscoa: “... Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça” (Lc 22.15).
O sangue de Jesus é perfeito, sem pecado e sem mácula. Judas disse: “... Pequei, traindo o sangue inocente...” (Mt 27.4). Os sacerdotes, sobre o assunto, deliberaram não colocar as moedas, que Judas recebera como pagamento pela traição, no cofre das ofertas porque eram “preço de sangue” (inocente) (Mt 27.6).

b. a água feita vinho

Quando Jesus esteve nas bodas de Caná da Galiléia, juntamente com os Seus discípulos, sua mãe, Maria, também estava presente e, em determinado instante, comunicou-Lhe dizendo: “... Não tem vinho” (Jo 2.3), ao que Jesus respondeu: “... Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora” (Jo 2.4). “Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto Ele vos disser” (Jo 2.5). Colocaram 6 talhas de pedra que eram usadas para a purificação dos judeus e Jesus disse: “... Enchei d´água essas talhas... Tirai agora e levai ao mestre-sala...” (Jo 2.7,8). A água fora transformada em vinho (Jo 2.9 – “... o mestre-sala provou a água feita vinho...”). Aquela transformação era para este mundo e também para aquela hora em que seria celebrada a última Páscoa, a respeito da qual Jesus ordenara a João e a Pedro: “... Ide, preparai-nos a Páscoa para que a comamos” (Lc 22.8). Estando à mesa com os 12, o Senhor revelou: “... Desejei muito comer convosco esta páscoa antes que padeça” (Lc 22.15).
Havia um casamento e o vinho tinha acabado. É uma alegoria da tentativa do homem de se achegar a Deus – o casamento – através do sangue de animais – o vinho. O fato do vinho acabar quer dizer que o sangue não era suficiente para completar o casamento, isto é, o sangue de animais não podia perdoar os pecados, era insuficiente para restabelecer a comunhão de Deus com os homens (Hb 10.4 – “... é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados”). Jesus transformou a água – a palavra, a lei – em vinho, isto é, Ele não veio ab-rogar a lei, mas cumpri-la (Mt 5.17 – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”).
O vinho que estava sendo servido antes era bom (Jo 2.10 – “... Todo homem põe primeiro o vinho bom...”) porque a lei é boa (Rm 7.12 – “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”); ou seja, o homem andou séculos desejando fazer as coisas da lei para viver por elas (Rm 10.5 – “Ora, Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: o homem que fizer estas coisas viverá por elas”). Viver pelas coisas da lei é tão somente para esta vida; é ter uma vida reta, perfeita, como o Apóstolo Paulo testemunha que tinha (Fp 3.4-6 – “Ainda que também podia confiar na carne: se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu, circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus, segundo a lei fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”). Quem assim vive, recebe um galardão, mas um galardão da terra (Mt 6.2-16 – “... já receberam o seu galardão...”).
Jesus, no entanto, mostrou um vinho melhor, Seu próprio sacrifício para cumprir a lei que ninguém cumprira (Hb 9.9 – “... dons e sacrifícios que... não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço”). O Apóstolo Paulo compreendeu perfeitamente: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco para que possa ganhar a Cristo” (Fp 3.7,8).
O vinho em que Jesus transformou a água que lhe apresentaram era melhor (Jo 2.10 – “... tu guardaste até agora o bom vinho”) porque revelava um novo sacrifício que dava oportunidade ao homem de receber um galardão celestial (Mt 6.1,18 – “... tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus... e teu Pai... te recompensará”).
Foram seis as talhas que receberam a operação do poder de Jesus. Mas faltava uma.
Os Evangelhos de Marcos e Lucas relatam que Jesus enviou Pedro e João (Lc 22.8 – “E mandou a Pedro e a João...”) a Jerusalém dizendo-lhes que encontrariam na cidade um homem levando um cântaro d´água (Mc 14.13 – “... Ide à cidade, e um homem, que leva um cântaro d´água, vos encontrará...”), e que o seguissem até onde ele entrasse e dissessem ao senhor da casa: “... Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?” (Mc 14.14). Era chegada a verdadeira transformação da água em vinho, a hora de Jesus (Jo 12.27 – “... para isto vim a esta hora”).
Interessante notar que as seis talhas que os serventes levaram a Jesus durante as bodas em Caná tinham, cada uma, dois ou três almudes de capacidade. Um almude equivale a quase 32 litros. Isso significa que foram apresentados a Jesus mais de 350 ou 400 litros de líquido. Por outro lado, o cântaro com água que o homem encontrado por Pedro e João levava, devia, certamente, ser bem menor. Depreende-se que havia necessidade de muito sangue para a purificação no Velho Testamento, ao passo que, no Novo, o sangue de apenas um homem, Jesus Cristo, foi suficiente.
Muitos aceitam Cristo, mas não o poder de Seu sangue. Mas sem ele não há remissão dos pecados. Ficam somente no conhecimento de Jesus, como diz II Pedro 2.20: “... se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro”.
Infelizmente, temos visto pessoas que celebram a Ceia ou Páscoa sem vestígios do sangue de Cristo; argumentam, redargúem, explanam, demonstram, mas não resistem até o sangue (Hb 12.4 – “Ainda não resististes até ao sangue combatendo contra o pecado”). Quando vem o destruidor, encontra-os despreparados e indolentes, fazendo a obra, é verdade, mas fraudulentamente (Jr 48.10 – “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente; e maldito aquele que preserva a sua espada do sangue”), sem o cumprimento da Palavra, a qual não é de particular interpretação (II Pe 1.20 – “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”). A Páscoa sem o fermento no pão tem pouco valor, mas sem o Cordeiro, Cristo, não tem valor nenhum. Sem Cristo, qualquer celebração é vã. E o Senhor aborrece as festas solenes (Is 1.14 – “... as vossas solenidades, as aborrece a minha alma...”)
A fé obediente do povo, como naquela celebração no Egito, deve estar presente hoje em cada um que se achega à mesa do Senhor. A grande obra é a obediência. Há grandes obras, fisicamente falando, que são pequenas e outras, pequenas, que são grandes. Deve-se atentar a estas coisas quando o pão e o vinho são oferecidos para que, como disse o Apóstolo Paulo em I Co 11.27,29, não comamos a Páscoa do Senhor indignamente (“... qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado do corpo e do sangue do Senhor... Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação...”). O corpo do Senhor é espírito e carne “e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo...” (I Jo 4.3). Ele padeceu segundo a carne e nas mesmas tentações (Hb 4.15 – “... em tudo foi tentado...”), mas venceu a morte. Afinal, o destruidor dos primogênitos, o inimigo da nossa alma, “... anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pe 5.8).

17. Jesus, cumpridor da lei

“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8.3). A lei não é carnal, mas espiritual (Rm 7.14 – “... a lei é espiritual...”); nós não poderíamos cumprir na carne do pecado algo que era espiritual. Paulo diz em Romanos 7.18: “... na minha carne não habita bem algum...”, embora reconhecesse que “... a lei é santa, e o mandamento, santo, justo e bom” (Rm 7.12). O escritor de Hebreus diz que a lei nenhuma coisa aperfeiçoa em sua fraqueza e inutilidade (Hb 10.1 – “... a lei... nunca... pode aperfeiçoar...”; 7.18 – “... o... mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade”), mas ficou enferma porque não pôde vencer a loucura, visto que foi contaminada pela carne do pecado. “... O fim da lei é Cristo...” (Rm 10.4). Quando a lei foi dada por Deus a Moisés, ela o foi para Cristo. Como é espiritual, só poderia ser cumprida por Quem fosse gerado pelo Espírito Santo (Mt 1.18 – “... Maria... achou-se ter concebido do Espírito Santo”). Paulo diz que “o mandamento... era para vida...”, mas ele achou que “... era para morte” (Rm 7.10). Mas como vencer a morte estando na carne do pecado? Cristo pôde vencer porque não teve o Seu pecado (I Pe 2.22 – “O qual não cometeu pecado...”), mas levou os nossos (Is 53.4,5,11,12 – “... ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si... ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades... as iniqüidades deles levará sobre si... ele levou sobre si o pecado de muitos...”).

18. os dois corpos

Jesus entrou no Santo dos santos através do “véu, isto é,... sua carne” (Hb 10.20) e o fez com Seu próprio sangue (Hb 9.12 – “... mas por seu próprio sangue entrou uma vez no santuário...”), derramando-o todo na terra. Entrou com Seu corpo espiritual porque o carnal foi para o túmulo. Mas a sepultura não pôde retê-lo (At 2.24 – “... soltas as ânsias da morte...”) porque não tinha pecado próprio. Quando Jesus ressuscitou – e foi o Pai que O ressuscitou (Rm 6.4 – “... Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do pai...”) porque “o nosso Deus é o Deus da salvação; e a Jeová, o Senhor, pertencem as saídas da morte” (Sl 68.20) –, o corpo espiritual entrou no carnal formando, assim, um corpo glorificado que podia atravessar paredes e, como um corpo comum, alimentar-se. Muitos crêem que o corpo é a Igreja e vão após outra carne (Jd 1.7 – “... ido após outra carne...”), ou seja, têm na Igreja sua salvação.
Jesus disse: “... Vou para o Pai porque o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28); e também: “... o enviado (não é) maior do que aquele que o enviou” (Jo 13.16).
Jesus Cristo sempre participou da Páscoa, conforme relato nos Evangelhos (Lc 2.41,42 – “Ora, todos os anos iam seus pais a Jerusalém à festa da páscoa. E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa”; Mt 26.26-30 – “... Jesus tomou o pão... e, tomando o cálice...”; Mc 14.12-26 – “E no primeiro dia dos pães asmos, quando sacrificavam a páscoa...”; Lc 22.7-23 – “Chegou, porém, o dia dos asmos, em que importava sacrificar a páscoa...”; Jo 13.2,21-30 – “E acabada a ceia...”). Na última de que participou nos deixou uma promessa: “... desde agora não beberei deste fruto da vide até àquele dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai” (Mt 26.29). “E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou” (Lc 22.29).
Cristo, a verdadeira Páscoa! (I Co 5.7)

19. os elementos da Páscoa do Novo Testamento

Jesus introduziu novos elementos para a Páscoa. Se antes se comia o cordeiro (Mt 26.26 – “E, quando comiam...”), agora deveriam ser tomados o pão e o vinho como figuras do corpo e do sangue do Senhor, o Cordeiro de Deus (Mt 26.26-28 – “... Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento que é derramado por muitos para remissão dos pecados”).
O Senhor já havia dado indicação de que faria isso. “... se alguém comer deste pão viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne... Na verdade, na verdade vos digo que se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna... Porque a minha carne verdadeiramente é comida e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6.51,53-56).
O alimento de que se fartou o povo no Velho Testamento, embora dado por Deus, não salvava: “Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram” (Jo 6.49).

20. o dia e a hora do sacrifício de Jesus

Jesus Cristo foi crucificado numa sexta-feira, às 9 da manhã (Mc 15.25 – “E era a hora terceira, e o crucificaram”). Entre 12 e 15 horas (da hora sexta à hora nona) houve trevas sobre a terra (Mt 27.45 – “E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra até à hora nona”). Depois disso, Ele rendeu o espírito no período entre 15 e 18 horas (entre a hora nona e o pôr-do-sol). “E era já quase a hora sexta e houve trevas em toda a terra até a hora nona escurecendo-se o sol; e rasgou-se ao meio o véu do templo. E clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou” (Lc 23.44-46).
O período designado para o sacrifício da Páscoa é o mesmo, ou seja, no crepúsculo da tarde.

21. o sacrifício de Jesus

Há várias referências no Antigo e no Novo Testamentos mostrando os acontecimentos com Jesus e o cordeiro oferecido em sacrifício pelo pecado. Além disso, muitos textos proféticos, como os Salmos e os livros dos profetas, testificam que Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus (Gn 22.8 – “... Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto...”; Ex 12.5 – “O cordeiro... será sem mácula...”; Sl 118.27 – “... atai a vítima da festa com cordas e levai-a até aos ângulos do altar”; Is 53.7 – “Ele foi oprimido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro e como a ovelha está muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca”).
As pernas de Jesus, na cruz, não seriam quebradas para acelerar Sua morte, visto que estava profetizado que nenhum dos Seus ossos seria quebrado (Sl 34.20 – “Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra”). O mesmo não aconteceria com os outros homens crucificados ao lado de Jesus; eles tiveram suas pernas quebradas. “Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado; mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas” (Jo 19.31-33). “Numa casa se comerá; não levarás daquela carne fora da casa, nem dela quebrareis osso” (Ex 12.46).

22. a ressurreição de Jesus

Três dias depois da Páscoa, os judeus deveriam comemorar a festa das primícias que indicava a época da colheita (Ex 23.16 – “E a festa da sega dos primeiros frutos do teu trabalho que houveres semeado no campo...“; Ex 34.22 – “... que é a festa das primícias da sega do trigo...”). O primeiro molho de cereais, isto é, a primícia, deveria ser trazido para o Senhor. Esse mover do trigo (Lv 23.11 – “E ele moverá o molho perante o Senhor para que sejais aceitos...”) era símbolo da vida que, ao contrário de um animal morto, inerte e sem movimentos, se expressava pelo movimento. Na ressurreição, o corpo de Jesus, que estava inerte no túmulo foi movido por Deus e a terra se abalou. “E no dia em que moverdes o molho, preparareis um cordeiro sem mancha, de um ano, em holocausto ao Senhor” (Lv 23.12). “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra e fenderam-se as pedras. E abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27.51-54).
A Palavra de Deus faz uma analogia com o que acontecera com Jesus e o relato do profeta Jonas. As palavras de Jesus dizem: “Pois como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12.40). A oferta só poderia ser feita três dias depois da Páscoa. Isto tem a ver com a ressurreição que ocorreu somente três dias depois da morte de Jesus (Mt 16.21 – “... e ressuscitar ao terceiro dia”).
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (I Pe 3.18).

23. o valor do sacrifício de Jesus

As Escrituras Sagradas mencionam o lugar onde Jesus foi crucificado como Calvário ou Gólgota que significa Lugar da Caveira. “E chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira” (Mt 27.33). “E levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota” (Jo 19.17). Somente o sacrifício de Jesus, no Calvário, tem valor para Deus. O Cordeiro de Deus dá acesso ao Pai. Jesus é o Caminho para a salvação da alma. “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (Jo 10.9). Deus não aceita outro sacrifício (Zc 3.9 – “... sobre esta pedra única estão sete olhos...”; Ec 12.11 – “As palavras... nos foram dadas pelo único Pastor”; Hb 10.12 – “Mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus”; Jd 1.4 – “... único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo”).
A celebração da Páscoa pelo povo evangélico nos dias atuais não é apenas um ato litúrgico ou religioso, mas o cumprimento de algo que Jesus ordena. Quem tem fé em Deus e que esteja começando a aprender sobre as Sagradas Escrituras precisa procurar discernir o que o Senhor fez por si através do sacrifício de Jesus, Seu Filho. “Estava, pois, perto a festa dos asmos, chamada a páscoa” (Lc 22.1). “Chegou, porém, o dia dos asmos, em que importava sacrificar a páscoa. E mandou a Pedro e a João dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro d´água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O mestre te diz: O de está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos. E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a páscoa. E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálix, e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus; E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálix depois da ceia, dizendo: Este cálix é o Novo Testamento no meu sangue que é derramado por vós” (Lc 22.7-20).

24. a Páscoa no Ministério de Pinheiros

A Páscoa sempre é celebrada no dia 14 de abril, qualquer que seja o dia da semana em que caia. Nesse dia, os membros da Igreja devem estar todos presentes, inclusive, se assim desejarem, com os membros da família que não são crentes ou que sejam de outras denominações.
Se houver algum impedimento para o irmão estar na Igreja, o Pastor deve ser avisado para que já fique ciente de que precisará servir a Páscoa a este irmão no dia 14 de maio, conforme dizem as Escrituras (Nm 9.9-12). É bom salientar que essa falta precisa ser por motivo de força maior e que fuja do controle do irmão. São exemplos: o turno de trabalho (que o irmão pode tentar mudar para não faltar à festa), enfermidade que prenda ao leito (mas nesse caso, o Pastor, juntamente com um Presbítero, pode servi-lo em sua casa após o término do culto na Igreja), caso de morte de parente em outra cidade, etc. De qualquer forma, precisa ser um motivo grave para faltar à festa.
O dia da Páscoa é o mais importante do ano. Naturalmente, havendo tal entendimento, espera-se que tudo o que for apresentado ao Senhor nesse dia seja o melhor: a roupa, os sapatos, a alegria, os louvores, etc.
O culto dentro do qual se celebrará a Páscoa começa, como qualquer outro da Igreja de Pinheiros, com o hino “É Jesus quem vai à frente”; e continua com a seqüência normal até o ofertório.
O dia da Páscoa é um dos três, durante o ano, em que o povo traz uma oferta alçada ao Senhor. Os outros dois são: o culto de passagem de ano e o do aniversário da Igreja local. No dia da maior celebração do cristão não se trazem dízimos, mas uma oferta de gratidão ao Senhor pela salvação em Jesus Cristo.
Após o ofertório, a pregação da Palavra que deve ter como tema, assim como os louvores apresentados, a Páscoa. Deus sempre deu ao Pr. Walter a direção da Palavra que deve ser pregada na Páscoa. No ano de 2007, o primeiro após o falecimento do Apóstolo, recebemos a direção da Palavra através do Pr. Osmil, a quem Deus levantou para estar à frente do Ministério.
Terminada a pregação, o Pastor chamará as irmãs que trabalharão sobre o altar, durante o serviço, para orar com elas. Quando se apresentarem diante do altar já deverão estar descalças. Após a oração, uma das irmãs lavará as mãos do sacerdote, antes que ele ore pelo pão, partindo-o, e pelo vinho, ao mesmo tempo em que outra irmã segura a Bíblia para a leitura, pertinente, de I Co 11.23-26 (“Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, havendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue: fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor até que venha”).
Se houver mais Pastores na Igreja, além do titular, então eles devem ser servidos nesta hora, cada um com sua família. Após eles, os Presbíteros devem ser servidos, também com as famílias. Na seqüência, os Diáconos com as famílias. E, então, passa-se a servir o povo.
Durante o tempo de serviço, louvores podem ser entoados, mesmo sem os instrumentos, já que os tangedores, a esta altura, ainda não participaram da mesa. Conforme forem comendo o pão e bebendo o vinho, os levitas podem tomar posição para dirigir o povo em louvores de adoração ao Senhor.
O serviço deve ser o mais rápido possível, sem pressa ou atropelamento. Toda a largura da Igreja pode ser usada para que os irmãos se acheguem à mesa do Senhor. Uma Igreja larga pode comportar até 40 ou 50 irmãos em cada mesa se forem feitas duas fileiras diante do altar. Dessa maneira, uma Igreja com 500 membros precisará de 10 mesas apenas para todo o serviço.
Deus tem toda a liberdade em nosso meio para falar com o povo em profecia, em visão, ou de qualquer forma que queira; e os ungidos estão à disposição do Senhor para cumprir o que Ele determinar em Seu imenso amor.
A cada mesa um Presbítero deve dizer as palavras contidas em I Co 11.24 (“... Tomai, comei: isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim”) e outro, as que estão em I Co 11.25 (“... Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”), antes dos irmãos participarem do pão e do vinho, respectivamente.
A qualquer tempo, os ungidos podem orar com os irmãos que estão à frente do altar, derramando sobre eles a porção que o Senhor lhes der; e é farta neste dia de festa.
Depois de todos os irmãos terem sido servidos, então outro Pastor – ou, na falta deste, um Presbítero, ou, na falta deste, um Diácono, ou, na falta deste, um Obreiro, ou, na falta deste, um irmão em quem o Pastor confie – servirá o Pastor titular com sua família. O Pastor titular tomará o vinho do cálice maior que fica sobre a mesa.
Todos tendo participado da Páscoa do Senhor, é hora de encerrar o culto com um hino, como Jesus fez (Mt 26.30 – “E, tendo cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras”).
É um dia de festa como nenhum outro e recomenda-se que todos os irmãos se cumprimentem com a alegria que só é possível a um povo sobre a Terra: o povo de Deus.


25. arrumação da mesa da Páscoa

a. observações importantes

1. a receita é para um pão;
2. fazer 3 pães, marcando qual o 1º (simboliza o Pai), o 2º (simboliza o Filho) e o 3º (simboliza o Espírito Santo), porque será importante na arrumação da mesa da Páscoa;
3. fazer e assar um pão de cada vez;
4. estar constantemente diante do Senhor, em oração, durante a confecção dos pães;
5. para que tem a honra de ser escolhida por Deus para fazer os pães, esta deve ser a primeira atividade do dia (primícias);
6. a receita não é repassada aleatoriamente; é exclusiva para a Páscoa e para quem o Senhor escolheu para fazer os pães.

26. a dinâmica durante a Páscoa

Os diáconos e obreiros devem ser divididos para facilitar o serviço da Páscoa. Assim, é imperioso, segundo a direção que o Pastor der antes do início do serviço para a ciência de todos os presentes e conseqüente facilitação durante o andamento do culto, que alguns estejam à frente do altar para colocar os irmãos na posição correta, a fim de que o maior número possível de pessoas participem da Páscoa a cada mesa. Outros devem estar aos lados da Igreja, facilitando a saída dos irmãos de seus lugares quando for sua vez de se apresentarem diante do altar. Um terceiro grupo de diáconos e obreiros deve se postar no fundo da Igreja para organizar a fila de irmãos que, pelo corredor central, haverão de se achegar ao altar.
Desnecessário dizer que todo o serviço deve ser feito com alegria e amor. A forma como os diáconos e obreiros se dirijam ao povo é parte da obra que o Senhor realiza neste dia glorioso. Um sorriso e palavras mansas compõem o receituário adequado para os irmãos chegarem diante do altar com seu coração quebrado e agradecido.

a. a lavagem dos cálices durante a Páscoa

Haverá duas mesas montadas na Igreja: uma da forma como foi mostrado no esquema acima e outra que servirá para a lavagem dos cálices durante o serviço da Páscoa. Esta mesa só precisará ser usada se o número de irmãos participantes for maior que o número de cálices disponíveis.
Sobre esta segunda mesa devem ser colocadas três bacias: a primeira com água, a segunda com água, e a terceira com água e álcool. Os cálices sujos passam pela primeira bacia, depois de jogado o resto do vinho contido neles em um balde colocado previamente embaixo da mesa. Não se usa pano ou esponja para a limpeza, apenas as mãos. A passagem pela segunda bacia é igual, e o conteúdo da terceira serve para esterilizar. Ao fim de toda esta operação passa-se um pano, que não solte pelos, de leve, para secar os cálices que voltam, então, para o serviço.

27. Conclusão

Em nossos dias, como nos dias de Josias, grande parte das pessoas se esqueceu dos mandamentos do Senhor, da Sua Palavra, dos Seus desígnios e profecias; muito disso é responsabilidade das gerações anteriores que foram perdendo o interesse e o temor do Senhor. Em conseqüência, como Israel ficou escravo em terra estranha, hoje os povos da terra são escravos do pecado (Rm 6.16 – “... sois servos... do pecado para a morte...”). É comum encontrarmos pessoas em tais condições de sofrimento. Possuem valores e pensamentos errados e contrários aos de Deus, ficando como ovelhas perdidas, desgarradas, quebradas e doentes, sem pastor (Mc 6.34 – “... eram como ovelhas que não têm pastor...”). Muitas são manipuladas por Satanás e acabam tendo suas vidas destruídas. Algumas se acostumam tanto a sofrer aflições e angústias que se conformam com a situação (Rm 12.2 – “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”). Tais pessoas precisam ser libertas. Como veio a libertação física do povo de Israel através de Moisés, a libertação espiritual – e até física – hoje vem por Jesus Cristo, cuja memória comemoramos na Páscoa. As pessoas precisam do Libertador (Rm 11.26 – “... De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades”), precisam de Jesus Cristo, pois somente Ele as resgata da escravidão do pecado, perdoa-lhes e lhes dá vida eterna. Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus.
Assim como no passado Deus levantava alguns servos fiéis para anunciarem e trazerem à lembrança do povo os estatutos de Deus, hoje Ele continua fazendo da mesma forma, levantando homens e mulheres crentes em Jesus Cristo para tornar conhecida do povo a celebração da Páscoa.
A festa da Páscoa é a festa da nossa salvação. É ordenança de Deus (Ex 12.43 – “... Esta é a ordenança da páscoa...”) para aqueles que experimentaram a escravidão e clamaram por socorro por não suportarem mais o jugo que estava sobre sua vida.
A Páscoa, ordenança de Deus, é para aqueles que se sentem alegres e gratos ao Senhor pela grande obra realizada por Ele nas suas próprias vidas.
A Páscoa, ordenança de Deus, é para os que podem testemunhar, com a sua vida, a libertação que os alcançou em tempo de grande tribulação.
A Páscoa, ordenança de Deus, é para os que entendem o plano de salvação do Senhor e têm a certeza de serem participantes dele.
A Páscoa é a festa do povo de Deus.